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γνωθι σεαυτόν
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

PERFUME DE CAFÉ



Acordei com alguém me chamando.
Ainda é cedo, misturei água no pó e fiz café... 
Acho que assim deveria ser o amor, um café bem feito, quente, perfumado, fumegante. Que nasce da mistura de duas pessoas e a chama da convivência faz essa mistura pingar até restar a essência, até que não se possa mais distinguir onde é um, onde é o outro; não existe mais pó, não existe mais água  -  só café.
Com o café na caneca, arrasto biscoitos comigo e me sento junto à janela da cozinha, jogo meus olhos para fora como se fossem confetes num dia de festa..
Devo estar sonhando que estou acordado e se for até o quarto, verei que estou deitado sonhando que estou bebendo café. Isso explicaria porque os biscoitos falam. Cada um que pego vem com vozes agarradas, biscoitos que me dizem por qual direção eu deveria ter seguido, quais palavras eu nunca deveria ter desembrulhado e outras que eu deveria ter repetido tantas vezes, que até as estrelas encobertas pelo Sol saberiam repeti-las em coro; assim, quem sabe, meu coração teria perdido a virgindade da sua natureza egoísta e enxergaria coisas que não pertencem aos olhos enxergarem....
Às vezes o perfeito é contemplar sem ter que entender tudo, explicar tudo; viver intensamente o início e o fim de cada segundo, como se o próximo fosse o derradeiro..
Será que a sutileza da simplicidade é se deixar levar como uma folha pousada sobre um rio manso? Acho que se eu tivesse sido essa folha, estaria agora jogando confetes de verdade pela janela ao invés dos meus olhos, não teria de ouvir conselhos de biscoitos secos e nem estaria tomando um café sozinho...



17-01-2017