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sábado, 17 de março de 2012

QUANDO O AMOR ACABA...





O amor é como a luz intensa da lua cheia numa madrugada sem nuvens a deleitar suas intimidades com estrelas eternas, entregando-se a prazeres e comunhão onde só o amor sabe germinar; mas se acaso a lua se perde entre montes distantes, que sopram sua luz para o que nada resta, faz das estrelas sementes secas a orbitar, com suas luzes frias de intermitentes vazios num céu de mar negro: sem ondas, sem vida, sem ar...  
Quando o amor acaba, parece a costura mal arrematada de um lindo vestido; as partes se esgarçam, o conjunto se perde, deixa de ser lindo, deixa de ser vestido....
Quando o amor acaba, percebe-se a ausência de quem sai sem despedidas, sem um aceno, um corpo sem sombras, ninguém viu passar; vira lembranças... .
Quando o amor acaba, o tempo distorce a percepção dos sentidos, a chuva é expulsa da terra, retorna a superfície e volta a ser gota, eleva-se aos céus e se afunda numa nuvem qualquer que se afasta....
Quando o amor acaba, as promessas são devolvidas em caixas de presente sem o papel de seda, o chamego emudece, as gargalhadas viram ecos de bocas que encobrem sorrisos sepultos....
Quando o amor acaba, as emoções escapam em correria como fuga em massa da prisão, sem guardas na porta, sem trancas, sem sirenes e sem alardes....
Quando o amor acaba, a intimidade se veste de pudor, a apatia se desnuda e afastamos nossos pelos e corpos do toque de seda que umedeciam os dedos. O beijo agora encosta, não chupa, o gozo vira sono de criança e na cama jazem travesseiros adormecidos....
Quando o amor acaba, toda carta que chega, todo telefone que toca, toda mão que repousa no ombro, toda voz que nos chama, é a lembrança do amor sufocado escrito na página que se vira... .
Quando o amor acaba, nos tornamos visita onde éramos do lar, refaz-se cerimônias insípidas, cafezinho na xícara da cristaleira, simpatias forçadas e despedidas com apertos de mão sem pressão....
O que antes era cor, agora escorre desbotado. O que antes era ventania a calmaria saboreia a deriva, o que antes floria, agora sobram raízes secas e quebradiças....
Era um corpo, mas dividiu-se novamente, voltam a ser óvulo e sêmen; já não se chamam, não se reconhecem, afastam-se a nado para o mar, sabe-se lá pra onde, não sei... não sei...
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17-03-2012

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