
palavras sem ter a quem entregar.
Levanto do meu canto e tiro a cortina para dançar, retendo delicado as pontas desse
vestido que esvoaça sobre
um corpo ausente
Ouço aplausos das sombras
enquanto rodopio com as
lembrança ao som da música
que a saudade bem sabe entoar
Meus dedos tocam no imaginário
dos teus dedos e nossos braços
desenham a forma de uma ponte,
metade dela são meus braços,
a outra metade é a tua ausência
Me falta saliva para beijar os selos
de cartas que não retornam, já
quase nem sei para quem tanto
escrevo, para quem faço das linhas
espelho e das letras vidro pra te olhar
Que espero de ti, cria parida?
Não sabes germinar. Para essa
festa teu nome não constava
Não esperava te ver a porta,
não me importo com a tua partida
Que faço deste corpo espalhado,
desse coração deflorado, dessa
vontade de sair quando mal chego,
de chegar para onde não sei partir?
Expectador de mim mesmo, o
decisor não me dividiu sua trilha,
fico sem a opção de ir, vou com
a vontade de ficar.
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18-08-2018 |