Meu Blog

A eternidade é o
momento que se renova

Nosce te ipsum
Conhece a ti mesmo
γνωθι σεαυτόν
γνωθι σεαυτόν


sábado, 9 de junho de 2012

A DESPEDIDA DO OLHAR...



Estou deixando esse mundo...
Na velocidade de um por do Sol num dia nublado.
Sem alardes, sem manchetes, ignorado.
Meio que quer ficar, 
meio querendo ir...
Começou com os sonhos fazendo as malas e saindo sem se despedir.
Esqueceram o caminho de volta e ficaram por lá...
Na manhã seguinte armário aberto, gavetas reviradas, coração remexido, onde estão os meus sonhos?
Viraram lembranças!
Depois foi o “prazer” que se perdeu na correia de um 
dia de chuva, caiu do meu bolso ao procurar a identidade.  
Cheguei em casa sem ele...
Voltei ainda alguns passos, desci alguns degraus, 
olhei na varanda, no jardim, na calçada.
Gritei seu nome e não me respondeu...
Onde fui deixar o meu “prazer”? 
Para onde se afastou?
Agora é o som que me abandona, 
não escuto mais a gargalhada,
o choro do bebe, o mar está mudo, 
a chuva cai em silencio.
É como uma demolição, uma desconstrução da vida, 
é como desfazer o que se juntou por um tempo.
E assim estou deixando esse mundo aos poucos,
na velocidade do por do Sol de um dia nublado.
Sem alardes, sem manchetes, ignorado.
Meio que quer ficar, meio já estou indo...
Ainda tenho o meu olhar, meu elo com as coisas.
Ainda posso reconhecer a minha volta e um pouco além...
Mas porque o olhar é o último a partir? 
Me fiz essa pergunta hoje de manhã quando
não encontrei o sorriso na primeira gaveta.
Quem poderá dizer?
Um dia acordarei sem ele também, de pálpebra pesada, manhoso, com jeito de despedida;
deixando esse azul ficar cinza e depois quem sabe...
E como um por do Sol de um dia nublado, 
o dia chegará ao fim.
E quem haverá de se lembrar
de um Sol que não foi visto partir?

Ricardo Cacilias