Sem
alardes, sem manchetes, ignorado.
Meio
que quer ficar,
meio querendo ir...
meio querendo ir...
Começou com os sonhos fazendo as malas e saindo sem se despedir.
Esqueceram o caminho de volta e ficaram por lá...
Na
manhã seguinte armário aberto, gavetas reviradas, coração remexido, onde
estão os meus sonhos?
Viraram
lembranças!
Depois
foi o “prazer” que se perdeu na correia de um
dia de chuva, caiu do meu bolso ao procurar a identidade.
Cheguei em casa sem ele...
Voltei
ainda alguns passos, desci alguns degraus,
olhei na varanda, no jardim, na
calçada.
Gritei
seu nome e não me respondeu...
Onde
fui deixar o meu “prazer”?
Para onde se afastou?
Agora é o som que me abandona,
não escuto mais a gargalhada,
o
choro do bebe, o mar está mudo,
a chuva cai em silencio.
É
como uma demolição, uma desconstrução da vida,
é como desfazer o que se juntou por
um tempo.
E
assim estou deixando esse mundo aos poucos,
na
velocidade do por do Sol de um dia nublado.
Sem
alardes, sem manchetes, ignorado.
Meio
que quer ficar, meio já estou indo...
Ainda
tenho o meu olhar, meu elo com as coisas.
Ainda
posso reconhecer a minha volta e um pouco além...
Mas
porque o olhar é o último a partir?
Me fiz essa pergunta hoje de manhã quando
não encontrei o sorriso na primeira gaveta.
Quem poderá dizer?
Um
dia acordarei sem ele também, de pálpebra pesada, manhoso, com jeito de despedida;
deixando
esse azul ficar cinza e depois quem sabe...
E
como um por do Sol de um dia nublado,
o dia chegará ao fim.
E quem
haverá de se lembrar
de
um Sol que não foi visto partir?
Ricardo Cacilias