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sábado, 20 de julho de 2019

ETERIDADE, O CICLO DO AMOR

Perdi um grande amigo. Morreu minguando como as nuvens baixas num dia frio sobre o mar. Diante de meus olhos sem atitude, vestido do espanto que nos descobre as vaidades. Estive ao seu lado enquanto morria, enquanto seu brilho se alimentava de uma chama tremula
que se extinguia. Vi seus olhos assustados entregar-se ao indefinido, desfazendo-se de seus planos, decompondo-se de seus combinados, de suas ideias que o mantinham atrelados as esperanças de dias melhores. Qualquer coisa que nos contagia, ao morrer, leva parte da vida que nos doou... Não se substitui na mesma plenitude um grão de areia, nem uma estrela, nem uma vida, nem um amor... Nada terá o cheiro, a frase, a forma e o jeito de se fazer presente, pois para o bem ou para o mal, cada coisa tem em si a singularidade... Sobrou apenas um punhado de cinzas, poeiras que me incomodam os olhos em forma de saudade, a certeza de que não somos donos de nada, não governamos nada, somos apenas alguma alegria da fantasia de que somos senhores do destino. 

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