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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PELADO DEBAIXO DA CAMA...

Meu secreto amigo, fui censurado!!! A censura ainda habita fugas nos porões da ditadura! As reações sobre a postagem dos SEIOS dividiram a sociedade brasileira... Recebi telefonemas, e-mails, me fizeram sentir um tarado safado, quando na verdade meu texto era uma declaração de amor ao sublime corpo da mulher! O mundo jaz na hipocrisia... e no maligno também... Até o provedor em que eu faço as postagens me acanetou uma censura; apagou as imagens das mulheres com seus mamilos de fora... Tive que procurar outras imagens com moças peitudas devidamente sutianzadas para repor... Pelo menos sei que os sensores também estão me lendo...  Programei para hoje uma noite light e por fim, antes de dormir, sentar diante deste velho e desbotado teclado e te contar uma história que aconteceu no século passado com meu irmão. Na época achei engraçada, principalmente porque aconteceu de verdade. Ao chegar do trabalho agora à noite, liguei para meu filho mais novo chamando para jantar comigo. Eu iniciei um regime constantemente adiado ou odiado, não sei bem... Estou caminhando e controlando a alimentação, já emagreci 3 quilos!!! Waaalll. Segundo o Germano, quando nos separamos pensamos um pouco mais na gente, queremos emagrecer, pintar o cabelo... Na verdade quero apenas derreter uma barriga conquistada por anos a fio por 14 horas diárias a frente do computador. Se a ex-senhora B não me quer mais, segundo um grande amigo, Júlio Campos, é bom abrir espaço para as senhoras C, D, E, F, G... Um abraço Júlio!! Pensando numa comida de baixa caloria, escolhi preparar um peixe com um fio de azeite português, finas ervas, fatias de azeitonas pretas, rodelas de ovos e arroz com passas... Após 10 min. ao telefone sob árdua insistência, Don Felipe aceitou vir... Achei maravilhoso poder jantar com meu caçula, o “último da série”! Tirei 1 kg de peixe para descongelar, separei os ingredientes e fui dar uma ajeitada na cozinha; eis que minha tia me telefona... Uma hora e meia ao telefone querendo falar sobre assuntos que eu não queria falar, já passou por isso?? Essa minha tia é a única irmã do meu pai, muito lúcida, muito coerente inclusive, mas eu não uso mais fraldas, ou melhor, aprendi a trocar sozinho minhas fraldas... Detesto conselhos óbvios: “...olha para os dois lados antes de atravessar a rua...”, “...não como mariscos se não tiver certeza que estão frescos...”, “...não ponha a mão no fogo, poderá se queimar...”, “...quando abrir a porta do elevador, veja se ele está no andar para não cair no fosso...” É fácil ditar regras... é como espirro, vem e solta... Mas sabemos que o vento não pode ser encanado, que o gelo não pode ser seco e que não podemos ver a cor do som... A vida é como uma partida de futebol, muitas vezes somos derrubados na pequena área ou hesitamos em explodir o pé na bola e fazer aquele gol de placa... No meio da minha conversa com minha tia meu celular toca e me avisam que Felipe não viria... Um quilo de peixe descongelado... Pqp... Regra número UM quanto aos filhos: DIMINUA SUAS EXPECTATIVAS QUANTO A ELES!!! É absurdo, mas os filhos querem ter vida própria... Certamente fui uma decepção em inúmeras circunstancias para meus pais... Bom... Vamos mudar o rumo dessa prosa.
Não fiz o tal peixe, encarei um sanduíche de queijo branco com orégano e jantei sozinho em companhia de três cadeiras vazias e uma estúpida lâmpada no teto que piscava vez em quando...  Novembro de 1983, meu irmão tirou a carteira de motorista... Eu morava nesta época em Novo Hamburgo na região metropolitana de Porto Alegre. Faceiro com um ícone nas mãos, a carteira de motorista, sonho dos adolescentes de classe média quando completam seus 18 anos, Roberto logo depois comprou um carro usado... um Chevette bege. Já era tarde da noite quando ele voltava para casa, na Tijuca. Ainda inexperiente, calculou mal uma curva na Praça Alfonso Pena e bateu de leve num carro estacionado no meio fio. Que merda!! Parou imediatamente, saiu do carro e foi olhar os amassados... Nada relevante, mas para a cabeça de um adolescente, sozinho, de madrugada, excitado com as novidades, as coisas tendem a parece bem pior do que realmente o são! O sangue desceu, ficou branco como uma vela nova, a boca secou e o coração disparou. O que vou fazer?? Pensou! Nisso, do outro lado da rua, uns caras bebendo cerveja num botequim, atraídos pela movimentação, saíram do boteco e foram se aproximando. Em sua mente confusa tinha certeza de que o carro era de um deles. Vou levar porrada... Não, vão me matar... Preciso fugir!!! Como ao volante do batmóvel, Roberto se pirulitou para fora da zona de perigo. Dirigia certo de que “eles” o estavam perseguindo pelas ruas do bairro. Chegou em casa, estacionou na garagem do prédio e nem esperou o elevador, subiu correndo os 10 andares que o separavam da segurança do lar. Entrou pela sala a dentro e encontrou meu pai sossegadamente vendo um filme... Com seus olhos arregalados e cara de fudido, contou tudo para o nosso pai. Meu pai nunca foi de muita brincadeira comigo; talvez ainda mantivesse um apurado grau de expectativa comigo, o mesmo em que estou aprendendo a diminuir com meus filhos... Mas com o Beto era diferente, ia ao Maracanã, saíam juntos, rolava até umas brincadeiras. Meu pai disse para o Roberto: Calma, você está muito nervoso! Bebe uma água, vai toma um banho frio... Roberto na mesma hora seguiu as recomendações do meu pai; bebeu água, foi ao banheiro e entrou debaixo do chuveiro. Nisso que o Roberto já estava todo molhado, a campainha de casa tocou repetidas vezes, nervosamente, ameaçadora... A urina escorreu-lhe pelas pernas. Me acharam!! Do jeito que estava e com uma toalha de rosto escondendo suas vergonhas, foi até a sala pingando água pelo chão e disse para meu pai: São “eles”, o que eu faço?? Meu pai deu uma ideia: Vá pro seu quarto e se esconda debaixo da cama, eu falo com “eles”... Roberto correu pro quarto, largou a toalha no chão e se jogou para debaixo da cama, fazendo aquela lama de água com teia de aranha. Seguiu-se um silêncio sepulcral. Ficou ouvindo com os olhos que se mexiam de um lado para o outro, tentando imaginar o que ia acontecer... Nenhum som. Nada! Nem porta se abrindo, nem a voz “deles”, nem passos, nada! Apenas o barulho do seu coração se cagando de medo!!! Após uns minutos que pareceram uma eternidade, Roberto foi se arrastando para fora da cama, andou silenciosamente nas pontas dos pés até a porta do quarto, foi escorregando pela parede até chegar à sala. Mas o que ele viu não preencheu algum sentido em sua mente. Encontrou meu pai sentado vendo o mesmo filme que assistia antes. Sussurrou baixinho lá da porta do corredor... Pai, cadê eles??? Foram embora??? O que você disse??? Meu pai olhou para o Roberto e disse calmamente: Fui eu que toquei a campainha, não tem ninguém lá fora... E completou dizendo:
Fica esperto ao volante... Ter um carro é ter que ter responsabilidade...
E Roberto nunca mais bateu com o carro ou foi imprudente ao volante.
Desculpe-me, acabou me sobrando tempo essa noite e escrevi demais...
Adorei estar em sua companhia e dividir contigo coisas tão queridas para mim. Durma bem.

Ricardo