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quarta-feira, 22 de junho de 2011

WALL...!!!


RENATA

RENATA CACILIAS
Desde criança fui desafiado por uma folha em branco, e por menor que fossem suas dimensões, vivi dentro de suas margens inesquecíveis batalhas do meu universo criativo. Estou diante agora de um novo tipo de folha em branco: a tela do meu laptop. A luta continua, pois enquanto forem produzidas novas folhas em branco, haverei de produzir novas ideias para ocupar seus espaços... É simples assim! Estive recentemente no sul do país para visitar meus filhos mais velhos, Renata e Marcelo. Marcelo mora em Porto Alegre. Renata mora numa cidadezinha do interior da capital. Sua cozinha tem uma porta que abre para os fundos da casa e por ela dá para ver uma rua sem movimento, as árvores, os passarinhos pousados nos fios, o por do sol e aquela sensação gostosa que finalmente a paz existe. Eu tomava um café quando ela veio com o laptop debaixo do braço me mostrar o seu blog... "O que poderia ser um 'blog'?..." Perguntei. Enquanto ela me explicava, fiz a minha costumeira cara de bobo diante de uma novidade tecnológica feita para o bem e não para matar, conquistar ou cultivar poderosos... Fiquei 'louco' como uma criança que deseja o mesmo brinquedo novo do menino que mora na casa ao lado... Foi a Renata quem me mostrou o 'tom' da conversa, como caminhar por entre as palavras, como deixar o texto apetitoso. Será que aprendi?... Menina danada, essa minha filha! Mas infelizmente nem sempre fomos assim... Não vou colocar a culpa na minha juventude, mas a nossa relação de pai e filha foi profundamente prejudicada depois que eu e sua mãe passamos a caminhar em calçadas diferentes em 1987... Quando eles voltaram para o sul e eu fiquei no Rio, passei anos sem falar com a Renata... Éramos Sol e Lua. Ao contrário do que possa estar sugerido, o Sol era a Renata; quente, viva, iluminada, radiante... Eu era a Lua com sua luz a meia boca na escuridão... Depois de anos sem nos falarmos, iniciamos uma fase monossilábica... Não tenho como avaliar o quanto prejudiquei minha filha por essa ausência, de ter deixado uma menina crescer sem o convívio do seu pai. Que merda... Mas posso dizer que para a minha vida foi um desastre. Quantas coisas Renata teria me ensinado além do que é um 'blog'? Quem eu seria hoje se tivesse montado as 'peças' de nossas vidas de maneira a termos ficado mais próximos? Ainda naquela fase monossilábica veio o casamento da Renata, e eu fui com seus novos irmãos... Eu estava lá? As fotos revelam que sim, eu estava lá... Meu corpo foi, meus braços que a conduziu ao altar foram, mas meu espírito ficou sozinho em casa com vergonha, com a cabeça entre as pernas e as mãos cobrindo a nuca. Ainda se passou mais algum tempo até que eu conseguisse reunir um conjunto de palavras sinceras em meu coração para pedir ajuda a Deus. O segredo da mágica é tentar ver as coisas através dos olhos do coelho dentro da cartola...  Devo a Deus essa 'força' de ter me ajudado a empurrar o carro pra fora do atoleiro, se não estaria até hoje lá atrás, órfão do amor da minha filha, dos seus conhecimentos e da sua presença de mulher. Finalmente um dia tranquei meu espírito na mala e peguei o avião. Eu disse para ele aos berros: "Você vai sim e cala a sua boca!!!" Ele ficou de olhão aberto e de boquinha fechada... Como um robô enferrujado fui rangendo e me aproximando, era difícil abraça-la, era difícil olhar em seus olhos, mas eu precisava mais disso do que ela... Bem... O primeiro momento foi o mais difícil. O tempo foi passando e voltei outras vezes, parei de sentir vergonha... Fui perdoado? Por ela fui, mas eu não me perdoei ainda... Hoje Renata é, entre os meus quatro filhos, quem mais me procura, com quem mais converso e de quem mais recebo um colo gostoso. Ela consegue ver neste pântano de barba, flores por quem vale a pena conviver. Ela me aceita como eu sou e não tenta me transformar naquele que seria a sua projeção de um pai ideal... Isso se chama.amor! Este foi o meu primeiro texto. A partir de agora ocuparei esse espaço tanto quanto for possível, pois tenho um balaio cheio de roupa suja e vou lavá-lo nas águas deste rio...
Sol e Lua finalmente juntos
Até meu espírito se ofereceu para ajudar! 
Obrigado Renata.
Obrigado Deus. 
   
Ricardo Cacilias
       22-06-2011
        dedicado a renata

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, paizinho! A-m-e-i! Também te amo!
Renata =)

Ricardo Cacilias disse...

Não posso passar uma borracha no tempo, assim como não passo a mesma borracha no meu coração. Você é especialmente a primeira, e esse sentimento durará como as estrelas...