Meu Blog

A eternidade é o
momento que se renova

Nosce te ipsum
Conhece a ti mesmo
γνωθι σεαυτόν
γνωθι σεαυτόν


sábado, 18 de agosto de 2018

AUSÊNCIA





Não sou esse nada que a ausência denuncia, sou um homem, alguém de voz engasgada, encharcada de 
palavras sem ter a quem entregar. 

Levanto do meu canto e tiro a cortina para dançar, retendo delicado as pontas desse 
vestido que esvoaça sobre 
um corpo ausente

Ouço aplausos das sombras 
enquanto rodopio com as 
lembrança ao som da música
que a saudade bem sabe entoar 

Meus dedos tocam no imaginário 
dos teus dedos e nossos braços 
desenham a forma de uma ponte, 
metade dela são meus braços, 
a outra metade é a tua ausência

Me falta saliva para beijar os selos
de cartas que não retornam, já 
quase nem sei para quem tanto
escrevo, para quem faço das linhas
espelho e das letras vidro pra te olhar

Que espero de ti, cria parida?
Não sabes germinar. Para essa 
festa teu nome não constava
Não esperava te ver a porta, 
não me importo com a tua partida

Que faço deste corpo espalhado, 
desse coração deflorado, dessa 
vontade de sair quando mal chego, 
de chegar para onde não sei partir?

Expectador de mim mesmo, o 
decisor não me dividiu sua trilha, 
fico sem a opção de ir, vou com 
a vontade de ficar.



18-08-2018




Um comentário:

Rosi disse...

Já amei o primeiro!
Parabéns!!!