Te amo, meu filho.
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sexta-feira, 29 de setembro de 2023
O VELHO E O BALÃO
sábado, 17 de dezembro de 2022
UM PRESENTE SEM MERECIMENTO
Tive noites em minha vida que adormeci chorando, embalado pelo álcool e os gritos alucinantes da solidão, e tive, como companhia, lembranças que me esvaziavam as esperanças de um dia melhor... Tive anos de minha vida que ganhava muito bem, morei em Ipanema, tinha um bom carro, sempre com roupas novas, viagens e todos em casa tínhamos tudo que precisávamos. Tive o privilégio de ter sido casado com duas mulheres excepcionais, pessoas muito melhores do que eu: parceiras, amigas leais, comprometidas, que me deram lindos filhos, mas sozinho consegui sabotar tudo isso achando que nada e ninguém resistiria a minha inteligência e sabedoria, quando na verdade eu confundia inteligência com arrogância e sabedoria com prepotência. Tem um versículo bíblico que fala de mim em Provérbios 16:18: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Com a queda passei a ser apenas um homem de passos, dono de um corpo sem sombra, morador de uma casa sem ecos. Nesta casa tinha uma janela na cozinha onde eu via o tempo passar com um café nas mãos, assistindo sucessivas manhãs e tardes, misturadas com Sol, chuva e muita nublação... Timidamente e sem jeito eu pedia ajuda, timidamente eu dizia para Ele: “Deus, me ajuda!...”
Foi numa sexta-feira qualquer de fim de expediente, nas cercanias do céu, em dezembro de 2018; algo fez com que tudo mudasse. Um estagiário a anjo de início de carreira, cheio de energia e de bom coração, mas atrapalhado pela inexperiência, foi escolhido para fazer com que eu parasse de enviar milhares de mensagens pelo coração, entupindo os tramites do céu. Minhas orações haviam enchido páginas e páginas do computador do Arcanjo Gabriel e sem tempo para resolver minhas súplicas, ele encaminhou minhas mensagens para Kael com a seguinte ordem: “Dê um jeito nisso!” Como já estavam terminando o expediente e seguirem para o fim de semana, Kael pegou sozinho um arquivo pesado, e meio atrapalhado, ao tentar colocar sobre sua mesa, o arquivo caiu e todas as fichas se espalharam pelo chão, misturando a minha ficha com um monte de outras fichas de pessoas que também haviam pedido ajuda aos céus. De boca aberta e pálido pela burrada que cometera, ouviu alguém gritar lá do fundo: “Kael, já vamos fechar, acabe logo com isso...” Ele pegou a primeira ficha, que estava naquele monte de fichas espalhadas, juntou com a minha e encaminhou para os tramites celestiais. Guardou tudo rapidamente, passou uma vassoura no chão, desligou as luzes e foi embora esperando que ninguém tivesse visto suas atrapalhadas. Dois dias depois Nalva pediu para ser minha amiga no Facebook, eu aceitei curioso para saber quem era; olhei suas postagens antigas e tive uma sensação de que a conhecia, parecia familiar, parecia simpática, gostei dela... No mês seguinte, já tinha passado o Natal, numa conversa na internet ela me perguntou onde eu iria passar a virada de ano. “Em casa vendo os fogos na TV...”, respondi. Ela riu e achou que eu estava brincando. Perguntou se eu não queria passar com ela, com sua nora e seu filho; assim poderíamos nos conhecer pessoalmente. Eu disse: “Claro que sim, vai ser legal...” E marcamos num determinado ponto da Lagoa de Imboassica, em Macaé.
Quando cheguei no local marcado, lá estava ela sorrindo timidamente, me aproximei e abusado como sempre dei a mão, não para cumprimenta-la, mas para puxa-la e dar dois beijos em seu rosto. Ela sorriu e colou os meus olhos nela... Esse foi o início do mistério: porque sempre me senti tão bem ao lado dela? Porque temos temperamentos tão parecidos? Porque acreditamos nas mesmas coisas de Deus? Porque naturalmente fomos nos condensando, nos aliando, nos integrando, com regras de respeito e convivência tão suavemente férteis? Porque? Só vejo uma explicação: Até mesmo quando um anjo atrapalhado embaralha as fichas e as distribui do seu jeito, é a mão de Deus que seleciona sua sugestão e cabe, unicamente aos nossos esforços, pegar essa sementinha da oportunidade e faze-la frutificar em nossa vida e em nosso coração. Ter conhecido a Nalva, foi como ter voltado para casa depois de uma longa viagem cansativa, com os pés cheio de calos e o coração seco de amor...

domingo, 12 de junho de 2022
sexta-feira, 1 de abril de 2022
Eu amo vocês. Deus os abençoe!
Ricardo Cacilias
- 01/04/2022 -
quarta-feira, 16 de março de 2022
Semente da Solidão
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
Sobre a saudade...
Caminhavam meus olhos pelo teto, evitando a lâmpada para não queimá-los.Até que distraído os deixei piscar, foi um instante apenas entre o nada e o ausente,um piscar de olhos que de tão banal, não governo fazê-lo, apenas acontece...Eis que sou assaltado, nesse espaço de tempo,escondida entre os arbustos da rotina, a traiçoeira e bandida saudade. Valeu-se desse frágil momento para me encharcar de lembranças, colocou palha seca sobre meu peito e ateou o seu fogo mais selvagem em sentimentos que pensava estarem desfeitos dentro de mim. Tão covarde, entrou coração adentro sem licença, sem afago, sem respeito;que por instantes me fez esquecer até de minh'alma que me embrulha a carne.Entre o tempo de um piscar e outro,todos os olhares se fizeram único colados em minha retina;todas as vozes, todos os momentos, todos os toques, todos os cheiros,cantaram como um coral de arcanjos diante do meu assombro.Dominaram meu ser como num assalto bem sucedido ao castelo de minhas emoçõese pela porta que entraram, partiram, me deixando órfão no meu abandono.
domingo, 11 de agosto de 2019
DIA DOS PAIS
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11-08-2019 |
sábado, 20 de julho de 2019
ETERIDADE, O CICLO DO AMOR

que se extinguia. Vi seus olhos assustados entregar-se ao indefinido, desfazendo-se de seus planos, decompondo-se de seus combinados, de suas ideias que o mantinham atrelados as esperanças de dias melhores. Qualquer coisa que nos contagia, ao morrer, leva parte da vida que nos doou... Não se substitui na mesma plenitude um grão de areia, nem uma estrela, nem uma vida, nem um amor... Nada terá o cheiro, a frase, a forma e o jeito de se fazer presente, pois para o bem ou para o mal, cada coisa tem em si a singularidade... Sobrou apenas um punhado de cinzas, poeiras que me incomodam os olhos em forma de saudade, a certeza de que não somos donos de nada, não governamos nada, somos apenas alguma alegria da fantasia de que somos senhores do destino.
sábado, 8 de junho de 2019
O IDIOMA OFICIAL DO INFERNO

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08-06-2019 |
POEMA SOBRE ENFEITES DA ALMA
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08-06-2019 |
sábado, 18 de agosto de 2018
AUSÊNCIA

palavras sem ter a quem entregar.
Levanto do meu canto e tiro a cortina para dançar, retendo delicado as pontas desse
vestido que esvoaça sobre
um corpo ausente
Ouço aplausos das sombras
enquanto rodopio com as
lembrança ao som da música
que a saudade bem sabe entoar
Meus dedos tocam no imaginário
dos teus dedos e nossos braços
desenham a forma de uma ponte,
metade dela são meus braços,
a outra metade é a tua ausência
Me falta saliva para beijar os selos
de cartas que não retornam, já
quase nem sei para quem tanto
escrevo, para quem faço das linhas
espelho e das letras vidro pra te olhar
Que espero de ti, cria parida?
Não sabes germinar. Para essa
festa teu nome não constava
Não esperava te ver a porta,
não me importo com a tua partida
Que faço deste corpo espalhado,
desse coração deflorado, dessa
vontade de sair quando mal chego,
de chegar para onde não sei partir?
Expectador de mim mesmo, o
decisor não me dividiu sua trilha,
fico sem a opção de ir, vou com
a vontade de ficar.
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18-08-2018 |
domingo, 22 de julho de 2018
UM EXÉRCITO DE FORMIGAS
T
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entreguei pela primeira vez o jantar nas mãos de um morador de rua, na hora me veio à mente que as cartas do baralho da vida fizeram com que não fosse eu ali sentado sobre papelões, agradeci a Deus por ser das minhas mãos que saía a refeição e não por estar com os braços estendidos para recebê-la... Era um homem, mais velho do que eu, barba rala, olhar sem brilho, maltrapilho, cabelos em desalinho; um homem. Pensei: “Meu Deus, como alguém pode chegar nesse ponto num país riquíssimo como o nosso, numa cidade que se intitula “A Capital Nacional do Petróleo?”. Ele pegou a refeição, agradeceu com um gesto de cabeça e esticou sua mão direita para apertar a minha. A realidade foi se chegando mais perto, agora tinha um rosto, uma figura física, um cheiro, uma identidade. Olhei para aquela mão suja, fedida, azeda; senti nojo! Um sopro me refrescou a mente, me
veio a lembrança de quantas mãos sujas e fedidas Jesus apertou, quantos corpos doentes com seus espíritos destruídos foram reconstruídos com o seu abraço fraterno, quantos olhos opacos e sem expressão foram ressuscitados pelo olhar do filho de Deus; quem era eu que poderia ser melhor do que Jesus, puxar minha mão e esconde-la dentro dos meus preconceitos? Ainda que sentisse repulsa, minha gratidão esticou meu braço e cumprimentei aquele homem. Umas terças-feiras depois, com o espírito um pouco mais crescidinho, era eu quem dava a mão para cumprimentar todos a quem eu me aproximava. Num outro dia, depois de termos entregado a comida, já estávamos prestes a seguir adiante, quando o morador de rua perguntou se não iríamos fazer uma oração(?); como sou miudinho, não havia pensado nisso! Olhei para o Cláudio, para o Maurício e mais alguém que estava junto e arregalei os olhos, como quem pergunta: “E agora? Quem vai orar?” Cláudio esticou o queixo na minha direção, entendi que seria eu mesmo. Hesitei um pouco, mas coloquei minha mão sobre o ombro daquele homem, ele puxou com a mão esquerda o seu boné, o amassou entre as mãos e abaixou a cabeça; estar ao vivo e a cores diante da realidade me mostrou na prática que não é mesmo só do pão que vive o homem; e orei: “Senhor nosso Deus, Jesus seu filho amado, obrigado pela oportunidade que eu e meus irmãos estamos tendo de estarmos aqui agora, unidos em oração com esse homem. É com muito respeito que trouxemos esse alimento, que essa comida fortifique o seu corpo e principalmente o seu espírito. Pedimos, oh Deus, que seus anjos estejam acampados ao redor dele, protegendo contra a maldade da rua, do frio, das doenças e do desânimo... Senhor abençoe este homem e a sua família, onde o Senhor bem sabe onde está. Obrigado meu Deus por essa noite única e especial, agradecemos em nome de Jesus. Amém!” E quase ao mesmo tempo ouvi todos dizerem amém. A voz foi minha, mas a oração foi nossa, cada um doou um pouco da energia do amor e da caridade; fomos nós cinco, seis com Jesus, um só corpo. Sempre antes de sairmos para cobrir um roteiro previamente planejado, oramos pedindo que os anjos sigam a frente abrindo espaços para nós, oramos pedindo proteção por estarmos expostos na rua, indo em cantos escuros, na cracolândia, atrás do muro da linha do trem... Aqui em Macaé, entre 20hs e 22hs, não tem muita gente na rua. Ficaria bonito eu dizer que nunca senti medo, mas a realidade experimenta a nossa vontade, a nossa fé, nossos medos; sou apenas um homem de alma enrugada e imperfeita, de muita miopia e egoísmo que me servem de travesseiro à noite e de sapatos pelas manhãs, mas que está procurando alimentar a sua fé. Se Jesus gritasse para que eu pulasse para dentro de um buraco escuro, mas que estaria lá dentro para me pegar, não sei se pularia, mas sei quem está gritando... A fé é com uma criança, quanto mais a alimentamos, mais ela cresce em força e formosura. E assim passou a ser, nas terças-feiras a noite, divididos em dois carros e entre 6 a 8 pessoas, a minha participação nesse grupo de caridade, acreditando na justiça desse propósito. Teve um dia em especial que me marcou muito, nem foi numa terça-feira, nem era dia de distribuir refeições, mas essa história será contada na sequência UM EXÉRCITO DE FORMIGAS - A GUERRILHA.
Obrigado.
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17-07-2018 |
terça-feira, 17 de julho de 2018
UM EXÉRCITO DE FORMIGAS, A GUERRILHA

pela Av. Fábio Franco, uma das vias centrais da cidade em que moro chamada Macaé, vi alguns metros a frente um homem deitado atravessado no chão da calçada. A posição em que ele estava não era de quem procurou abrigar-se debaixo de uma marquise, como normalmente os moradores de rua fazem; na verdade parecia estar caído, um braço sobre o peito e o outro esticado, pernas dobradas... Enquanto me aproximava, olhei mais a frente, vi que o local era pouco iluminado e que a rua estava deserta. Me senti seguro por estar sobre a moto em movimento. Fiz uma oração e pedi a Deus que protegesse aquele homem das condições adversas em que se encontrava; para quem um dia esteve nos braços de sua mãe, naquele momento ele era a imagem da derrota: caído na calçada próximo ao meio fio, de camiseta, numa noite fria de inverno... Pensando melhor agora, acho que a oração foi mais para aquietar minha consciência e sentir que havia feito alguma coisa por aquele homem. Quando cheguei em casa tomei um susto ao colocar a mão dentro da mochila e ver que havia deixado o controle remoto do portão lá no local da reunião. De olhos arregalados saí comendo o asfalto para chegar a tempo antes que a última pessoa saísse e eu encontrasse o local fechado. Quando lá cheguei esbaforido vi essa "última" pessoa virando a chave da porta e quando me viu, abriu um sorriso e disse: “Esqueceu o controle remoto!” Eu sorri também, fiz aquela cara de idiota que fazemos quando esquecemos alguma coisa. Peguei o controle e sai. Para minha surpresa a primeira coisa que me veio à cabeça, assim que enfiei a chave na ignição da moto para voltar para casa, foi que eu cruzaria novamente com aquele homem caído próximo ao meio fio, e que eu preferi, desde o início, acreditar que estava apenas dormindo. De longe ao avistá-lo no mesmo lugar, franzi a testa, seria muita cara de pau da minha parte orar novamente para dizer a mesma coisa...“O que vou fazer?", pensei. Eu me compadeci dele. Ter visto, falado e tocado em tantos homens, mulheres e crianças, moradores de rua na distribuição das refeições nas terças a noite em trabalho voluntário da igreja, não me permitia mais ficar indiferente; mas senti medo! Quanto mais eu me aproximava, diminuía a velocidade da moto como se estivesse instintivamente tentando ganhar tempo para pensar melhor. Passei por ele e três metros

Muito obrigado missionário André!
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22-07-2018 |