Meu Blog

A eternidade é o
momento que se renova

Nosce te ipsum
Conhece a ti mesmo
γνωθι σεαυτόν
γνωθι σεαυτόν


sábado, 14 de janeiro de 2012

BLACKOUT...


A história e os personagens descritos são ficção. As
locações e o apagão de 2009 são reais. Qualquer semelhança
com pessoais vivas ou mortas e mera coincidência.


Que o meu relato servir de alerta aos milhares de maridos que vivem nesta cidade e aos milhões de homens que vivem neste país... Meu nome é Bernardo Pedrosa, tenho 30 anos e sou engenheiro de telecomunicações. Moro na Rua Jorge Barbosa Moreira, na Vila Ema, em São José dos Campos, quase em frente à igreja dos Mórmons... Minha história começa na noite do dia 10 de novembro de 2009, as 22:15 quando explodiria o maior blackout registrado na história deste país, atingindo vários estados e o distrito federal por longas horas...
.
Som de teclas batendo rapidamente...
.
21:48: "Ai caraaaamba! Estou atrasado, a locadora vai fechar...".
Era para ser apenas mais uma noite quarta-feira. Eu escrevia nervosamente meu relatório para a diretoria financeira da empresa, tinha que enviá-lo naquela noite por e-mail e sair correndo para devolver o filme na locadora; ainda teria que comprar alguma coisa no mercado para o meu jantar e outras coisas de uma listinha que Bárbara deixou comigo. Minha mulher é médica e tinha ido a capital visitar seu Alexandre, meu sogro andou sentindo umas dores no peito e ela ficou preocupada com o pai. Ela havia prometido que estaria de volta no dia seguinte. Como fico enrolado sem a minha mulher em casa!!! Bárbara é meu porto seguro, minha aliada, minha amiga, minha doce mulher.
.
22:01:  "Finalmente! E-mail para o financeiro, cópia para o aministrativo, acabou... Vou correndo na locadora, o mercado fica quase em frente...".
Saí estabanado catando chave do carro, caixa do CD "porra cadê o CD???... Hum, ainda esta dentro do equipamento!" Liguei o DVD, ejetei, coloquei o CD na caixa. Sai correndo. Abri a porta da sala, desliguei a luz, mas antes de bater a porta lembrei da lista da Bárbara "...mas onde ela colocou isso???" Corri pra cozinha e lá estava
BERNARDO e a Dra. BÁRBARA
grudado com um magnético na porta da geladeira, bem do lado da nossa foto de viajem a Bariloche em julho do ano passado... Ainda dei uma olhada no seu sorriso antes de sair igual a um ladrão... Moro no oitavo andar.
.
.22:13: "Cadê a droga do elevador??..."  
Reparei que o elevador estava parado no sétimo andar... parado... parado... ainda parado...Enfiei a cara na escada e gritei... "Amigão... pode largar a porta do elevador???  Estou com a maior pressa!!!!"  Ainda deu para ouvir alguém dizer baixinho... "Iiiih tem algum nervosinho com pressa, já vou indo... tchau!!! Te ligo..." A porta fechou e o elevador subiu para o meu andar. Pensei... "Que saco!!!"

22:14:  Sem graça e com cara de “bunda” fui dizendo: "Oi boa noite, foi mal, mas é que estou cheio de pressa... A locadora fecha às dez e meia..." Foi quando olhei para elajovem, bonita, uns 25 anos, lábios rosa escuro, nariz perfeito, cabelos de anjo rebelde, cheiro de perfume gostoso...
SIMONE
Ela falou meio sem jeito o que lhe deu um ar mais gracioso ainda. "Não, não... Eu que peço desculpas... Eu estava errada em segurar a porta do elevador..." Ela disse essa frase com um lindo sorriso, nossa que mulher linda!!! Meus hormônios começaram a produzir enzimas tóxicas, fiquei estúpido e perguntei:  "Você vai para qual andar??" Ela cobriu os lábios com as pontas dos dedos e riu de mim. "Estou descendo como você..." "Ah! É verdade! Que idiota... é claro!" Apertei o térreo.


O AUTOR E O ATOR SELTON MELLO
80 andar: "Eu tenho que entregar esse filme na locadora..." "Que filme é esse?" "É o Meu Nome Não é Johnny”, com o Selton Mello, achei muito legal..." "Eu vi no cinema, me amarrei..." 

70 andar: "Será que está chovendo?" (...ai que babaca, só um idiota pergunta isso para uma mulher!!!...) "Não sei, nem pensei nisso... Será???" 

60 andar: "Veio visitar alguém?" "A Lúcia Helena, ela é colega na Unifesp, vim bater papo..." "Legal..." De repente ouvimos um estalo e o elevador parou entre o 60 e o 50 andar... Tudo havia ficado no mais absoluto "breu" e num silêncio assustador. "O que aconteceu??" "Sei lá, acho que faltou luz..." Cheguei a ouvir vozes distantes... O mundo parecia ter evaporado... "Ai não estou gostando nada disso! Estou ficando nervosa, não suporto ficar presa... Grita ai, chama alguém!!" Eu me sentiria ridículo gritando “Moço, moço, socooorro... Estamos presas aqui!!!" Sabia que tinha faltado luz, que o zelador do prédio iria verificar se havia alguém nos elevadores... Mas disse para tranquiliza-la:  "Olha, estou com o meu celular, posso chamar alguém... Deixa eu sintonizar uma rádio..." Liguei na Joven Pan, estavam falando exatamente sobre a falta de luz: 
...e as autoridades municipais e estaduais estão em alerta geral! Repetindo. Um blackout atingiu várias regiões do País nesta noite de terça-feira. Por volta das 22h15 o fornecimento de energia elétrica foi interrompido em pelo menos quatro Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso, além do Distrito Federal. Há informações de que Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernambuco também estariam sem luz. O porta voz do Ministério das Minas e Energia ainda não se manifestou, estima-se que o Ministro Edison Lobão irá convocar uma entrevista coletiva a qualquer momento. As autoridades não dão previsão do retorno a normalidade...” Parabéns eu havia conseguido piorar as coisas... Foi quando ela entrou em pânico... "Preciso sair daqui, estou com falta de ar. Abre essa meeerrda!!!" Como se eu pudesse fazer isso. Deu pra ver que a tensão estava aumentando, resolvi ridicularizar geral e gritei pro "moço": "Oi, estamos presos no elevador... Alguém me ouve??"  Ela me empurrou pro lado e deu o maior berro estridente que ouvi em toda a minha vida a meio metro do meu ouvido: "SOCOOOOORRO!!!!" "Calma garota, calma!!!... Escuta o que vou dizer, me dá a sua mão..." Gostei de segurar aqueles dedinhos finos e gelados. "...eu estou aqui com você. Esquece que estamos no elevador! Você não está vendo nada mesmo, poderíamos estar em qualquer lugar. Não estamos herméticamente fechados, está entrando ar. Respira com calma e bem devagar, sinta o ar entrando nos pulmões, veja, eu estou tranquilo. Vai dar tudo certo! Senta aqui no chão, vou sentar aqui do seu lado... Qual é o seu nome?" Ouvi uma fungadinha... "Meu nome é Simone." "Lindo nome, meu nome é Bernardo. Acho que vamos ter algum tempo para nos conhecermos melhor... Vai dar tudo certo! Me conta, o que você faz na Unifesp?" Já não havia mais pressa, não fazia mais diferença entregar o CD antes de fechar a locadora, os sorvetes de todo mundo iriam derreter nos congeladores, os médicos e enfermeiras de centenas de hospitais estariam naquela hora histéricos nas UTI's com seus aparelhos desligados, os sinais de trânsitos estariam sem cor, milhares de pessoas como nós presas nos elevadores, pais procurando filhos e todos em pânico num mundo sem luz... Ficamos conversando durante muito tempo, ela falava, eu falava... Com o tempo eu até podia sentir que ela estava sorrindo das bobagens que eu falava... "Ai, estou ficando apertada!!" Só me faltava essa... Foi eu pensar nisso e a luz voltou, levei um tapa da luz nos olhos. Tive que cobri-los com as mãos e Simone fez o mesmo... Tínhamos ficado mais de duas horas e meia sentados no chão do elevador... "Vamos lá em casa... Você vai ao banheiro, lava o rosto, sei lá... come alguma coisa e eu te levo em casa depois... Tudo bem?" Ela disse: "Tá bom, mas vou de escada..." E saiu porta a fora do elevador e eu segui atrás.... Chegando em casa ela foi direto apara o banheiro e sabe-se lá por qual processo químico-bronco-humanóide, os fios da minha cabeça começaram a se embolar. Eu ainda estava tentando organizar meus pensamentos, encontrar meu equilíbrio quando ouvi a descarga no banheiro... Minhas pupilas dilataram. Fiquei excitado... Simone saiu do banheiro ajeitando a saia e veio na minha direção. Eu disse: "Que bobagem, você está linda, nem parece que ficou presa no..." Ela veio direto na minha boca e me beijou...  Meu coração disparou e minha língua ficou maluca... Aquilo não fazia sentido, nada fazia sentido... Ela me olhou direto na cristaleira da minha alma e falou bem baixinho como se estivesse implorando: "Faz amor comigo" Canalha, eu sou um canalha! Ela estava fragilizada, ou mesmo agradecida por te-la tranquilizado... Sei lá!! Eu estava na minha casa... Outro beijo e dessa vez ela me mordeu a língua. Da boca passou para meu pescoço e outra mordida... Suas unhas fincaram em minhas costas... Eu
estava perdendo essa guerra! Tirei minha camiseta de uma puxada só pela cabeça e joguei longe, estava me sentindo Burt Lancaster beijando Deborah Kerr na cena mais ardente de beijo na história do cinema. Maliciosamente com as mãos afastei as alças finas de sua blusa, meus dedos sentiram a textura de sua pele... A única coisa que não podia ter acontecido naquela hora,  que me daria um fôlego para pensar, aconteceu. Veio direto nos meus olhos como numa cena de 3D no cinema... ela estava sem sutiã... Beijos e mais beijos e fomos nos arrastando agarrados pro quarto... Fizemos sexo como dois macacos no cio, libertários, loucos, os últimos passageiros a embarcar para a terra da fantasia... Todas as mulheres antepassadas de minha família que nasceram depois de Eva estavam debruçadas na grande soleira da janela do céu e me encaravam com ódio. Podia senti-las! Gritavam freneticamente e gesticulavam de punhos fechados em minha direção: Canalha! Canalha! Canalha!... Quase em coro. Os homens, filhos de Adão, pais de meus pais... Assobiavam e aplaudiam de pé!!! Como Somos canalhas!!! Sei que nenhuma mulher irá me entender, mas o tempo e o Universo pararam de orbitar para que eu pudesse fazer amor com aquela mulher como se fosse a minha despedida da vida!!!... Quando a febre acabou fui ao banheiro jogar água na cara. Ainda pensei no caminho: "Essa culpa é da merda do Lula e dos seus cabos de transmissão deficientes... Se não tivesse tido o apagão isso não teria acontecido..." Eu estava 50% arrependido e 50% extasiado... Quando voltei ao quarto Simone saía do banheiro da suíte já vestida como se nada tivesse acontecido, linda, segura, serena, mulher!!! Ela se aproximou, me deu um abraço e disse baixinho no meu ouvido: "Deixei uma surpresa para você se lembrar de mim quando for se deitar..." Me deu um beijo, um pequeno papel rabiscado de batom com o seu telefone e foi embora!!! Estive no olho do furacão e agora só havia paz e um silêncio desconfortante... Não sei bem quem comeu quem, mas por algum motivo psíquico-molecular lembrei que era casado eque havia feito sexo com uma estranha na minha cama?!?!
O que foi que eu fiz??? E qual teria sido a porra da surpresa que ela deixou no meu quarto?? Quase duas da manhã e Bárbara chegaria daqui a poucas horas. Desabei sobre minha
cama, a luz do teto me acusava, fiquei olhando para todos os lados, olhei pro teto, olhei as paredes em volta e não vi nada diferente! Sucumbi... Cai num sono profundo ou desmaiei de cansaço... Na manhã seguinte levantei como se a cama estivesse cheia de pregos. Arranquei o lençol da cama, olhei minuciosamente cada centímetro... Nada! Arranquei as fronhas, virei para o lado para o outro. Nada! Me atirei debaixo da cama. Nada! Tirei o colchão de cima do estrado. Nada!... Olhei cada ripa de madeira do estrado. Nada!... Abri as gavetas das mesinhas de cabeceira, joguei o conteúdo das gavetas no chão, olhei tudo... Nada! Olhei atrás da porta do quarto, atrás da porta do banheiro da suíte, debaixo do telefone... Nada! Levantei os tapetinhos próximo da cama, olhei atrás das cortinas, olhei atrás do espelho, atrás do quadro... Nada! Eu estava ficando maluco com aquilo. Pensei: "Ainda bem que Bárbara só chegará a noite, eu tenho ainda um tempo para procurar." O telefone tocou: "Oi amor, está sentino a minha falta? Dormiu bem?" "Oi Bárbara..." "Vai dar para chegar mais cedo, papai está bem, estou na rodoviária quase entrando no ônibus... Está tudo bem mesmo??? Achei sua voz estranha... Aconteceu alguma coisa no apagão??" "Claro que não!!!... O que poderia ter acontecido????... Eu estava aqui em casa... Dormi o tempo todo..." "Ok?!?!... Estou indo para casa, não demoro amor. Tchau!" Fudeu! Fudeu geral... O que a Simone deixou aqui em casa para eu lembrar dela quando eu fosse dormir??? As buscas reiniciaram, mas agora freneticamente, o pavor havia tomado conta de mim... Até na lixeira do corredor do prédio fui olhar, debaixo da geladeira, dentro do forno, a trás do microondas, na máquina de lavar, no sexto da roupa suja.... Passei o aspirador de pó na casa toda... Eu estava perdido!!! As horas passaram muito rápido... Ouvi a chave rasgando a fechadura da sala, era Bárbara! Não sabia mais o que fazer. Lancei mão da última forma de descobrir o que afinal Simone havia deixado aqui em casa para que eu me lembrasse dela quando fosse dormir, iria ligar para o seu celular... Eu tinha certeza que Bárbara descobriria imediatamente o que era, mais rápido do que um relâmpago, as mulheres são feiticeiras, além de terem um olhar de raio x, elas leem nossas mentes... Estou perdido! "Bernardo, onde você está meu amor???..." Fugi para o banheiro, me tranquei e me ajoelhei no canto do box. "Alou..." Aquela voz doce de novo no meu ouvido. Sussurrei baixinho tentando transmitir segurança: "Oi Simone, sou eu Bernardo..." "Oi meu herói, que bom que você ligou..." Eu não queria passar a ideia de ser um estúpido, ignorante, grosseiro, covarde e assustado, por isso caprichei na voz e perguntei: "Fiqueeeiii tãaaaooo feliz sobre tudo que aconteceu que não achei..." "Alou, Bernardo, a ligação está falhando, estou te ouvindo muito baixinho..." "Bernardo você está ai no banheiro? Abre a porta, meu amor... Quem fez essa bagunça aqui no quarto??... Bernardo!!..." "Não achou o que???" "Você sabe... aquilo... Você sabe..." "Não sei do que você está falando..." "Você disse que tinha deixado alguma coisa no meu quarto para lembrar de você quando fosse dormir... O que foi... Me diz, vai..." "Bernardo foi um assalto?? Você está bem??" "Puxa você não sentiu nada diferente??..." "NÃO!!! Quero dizer, nãaao. Tudo ficou tão especial e
Clique aqui para mais Glitters Gifs Animados
diferente depois que nós... Aaah, me fala, o que você deixou aqui em casa que eu não achei Simone???" Com voz gelada e distante ela disse: "Todo homem é igual, nascem com bolas demais e  sensibilidade de menos. Eu deixei três gotas do meu perfume no seu travesseiro..." Passados mais de 2 anos, até hoje quando entro no quarto distraído me pego olhando em volta e fico me segurando para não olhar debaixo da cama... Não existe homem santo, todos foram queimados na inquisição católica entre os séculos 16 e 19, então o melhor a fazer é vigiar, vigiar e vigiar... No mais, negue sempre...   
.
Bernardo Pedrosa

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma história de muito mal gosto,desculpe.Talvez nem todo homem seja tão canalha e desonesto como esse.O caráter não está no sexo,está na alma.

Ricardo Cacilias disse...

Caro Anônimo, coloquei uma resposta para vc no texto chamado:
A INCESSANTE BUSCA DO EQUILÍBRIO