Ainda que eu me sinta jovem e serelepe, estou com 52 anos... Meus cabelos e do Richard Gere, já não são tão
negros, por outro lado, ele tem um charme que eu não tenho. Pena! Estive
neste fim de semana em Porto Alegre e tive um domingo diferente e maravilhoso. Fui
assistir ao casamento do meu filho Marcelo com a Luciana. Foi muito
especial! Um perfume de felicidade e luzes de alegria flutuaram sobre todos nós como bolinhas de sabão enfeitando a festa. Logo no início da
cerimônia, para minha surpresa,
Marcelo assumiu o teclado, a Luciana o microfone e os dois cantaram
canções de amor um para o outro...
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Eu sabia que estava
vivendo um momento histórico da minha família, assim como são os casamentos
em todas as famílias, um reinício a continuidade. Uma
cerimônia de vida festejada por todos os ancestrais que habitam em nós. Naquele
momento eu era o representante dessas gerações, e Marcelo, a
ponta dessa lança. Ao pensar nisso me senti muito importante. Após
algumas palavras do pastor Walter, Marcelo falou emocionado
sobre o amor, de como ele produz em abundancia sentido a vida, que o amor a tudo supera,
inclusive as distancias. Nesta hora ele olhou para mim
e todos olharam para mim! Respirei fundo, não estava
esperando. Depois ele falou com muito carinho da Renata, sua irmã,
e quando falou de sua mãe chorou. Quando me dei conta estava chorando também por orgulho de ver que tenho um filho que honra seus pais. Será que algum dia meus pais sentiram esse orgulho de mim? Bem... Foi tudo muito
bonito. Passamos anos definindo os contornos de nossos filhos, que
filmes irão assistir, em
que escola vão estudar, como vão cortar seus
cabelos, a cor de suas roupas, a marca das fraldas... e lentamente,
como gelo derretendo, vamos minguando nessas decisões, deixamos de
ser atores principais para nos tornarmos nobres coadjuvantes. Ainda bem, eu não iria querer passar a minha vida trocando as fraldas do Marcelo.
Vendo os dois no altar, enxerguei a perfeição de como Deus junta as peças
quando permitimos que a sua presença sorria para nós. Tive uma sensação
estranha, a mesma que senti no casamento da Renata há sete anos, uma
forte sensação de que tudo aquilo diante de mim era um sonho, uma viajem ao futuro... Não pode ser que essa criança esteja se
casando, acabei de colocá-la na cama, cobrir seu corpinho até o pescoço,
viro-me e ele esta no altar e eu de terno.

Sou um pai boboca que ainda pergunta pelos filhos dizendo: "Onde estão as crianças..." Não sei se quero parar de falar assim, ainda que eles não gostem muito... Meus trinta agora fazem parte apenas das fotografias, mas para onde os anos partiram? Hoje de manhã, segunda-feira,
peguei o avião de volta com meu espírito voando feliz do lado de fora do
avião, parecia uma pipa com a rabiola curta, rodava e rodava no céu... Podem quebrar minhas pernas, mas nunca farão meu espírito manco. Não temos poder sobre a ação do tempo, mas podemos aprender a apreciar
as nuances da vida como a beleza que o sol imprime no céu ao longo
do dia. A máquina do tempo quebrou e estou preso
nesta época. Nunca mais vou ver minhas crianças novamente, ou só vou
encontra-las de novo quando meus netos nascerem? Quem sabe...

Desejo que os desejos de
meus filhos sejam mais certeiros que os desejos que desejei. Você
não desfaz um combinado com Deus, ele foi claro comigo, os filhos não são meus, pertencem a continuidade. Tudo vai se desenrolando no tempo e
na expectativa prevista, eu só não esperava que os anos passassem tão
rápido... Deus me abençoou com meus filhos e com suas promessas, só posso
agradecer.
Felicidades
Marcelo e Luciana.
Ricardo
Cacilias
25-11-2011
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5 comentários:
Emocionante seu texto! Confesso q chorei! Parabéns!
Emocionante, como tudo que vem acontecendo nesses últimos dias.
Penso da mesma forma...
Lindo texto!!! Pura emoção de um pai apaixonado por sua cria!
Cleide Araújo
Vc entende bem, eu sei disso. bjs
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