um tributo a minha
mãe
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minhas reflexões... |
Daqui a poucas
horas será o Dia das Mães... Pensei aqui comigo se esse dia é apenas das mães
vivas, ou se as que estão no céu também comemoram? É o meu primeiro Dia das Mães sem minha mãe, ela morreu no dia 22 de dezembro de 2012, dois dias antes do Natal. Todo ano era aquela preocupação do que comprar, do que dar, do que levar
para o nosso almoço... Hoje, talvez mais velho, vejo de forma cristalina que a minha presença era o seu maior presente. Minha mãe gostava
de apontar para meus cabelos e dizer que eu tinha mais cabelos brancos do que
ela, eu ria com isso, nós ríamos juntos de muitas coisas. Ela era uma italiana
arretada,
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Malvina Paresqui Cacilias - 2005 |
sabia fazer sair fogo daqueles olhos azuis como o mar do caribe, e
dentro da sua simplicidade e do seu pouco estudo, conseguia me fazer admirar o
encanto da sua sabedoria. Minha mãe morreu presa a um corpo que não lhe
permitia lembrar-se do meu nome, que não lhe permitia lembrar sequer que eu era
o seu filho. De uma coisa estou convicto, em sua alma não havia qualquer
esquecimento, ao contrário, imagino o amor de minha mãe preso a uma caixa de
vidro de onde não saía som e que eu não conseguia vê-la. Imagino minha mãe
batendo com os pulsos nessas paredes de vidro para chamar a minha atenção e
gritava com toda a força possível: “Meu filho, estou aqui, olha pra mim, escuta
o que te digo... Eu te amo!” Mas eu olhava apenas para o corpo material a
minha frente, e não a ouvia me chamar... Sou um estúpido surdo. No dia do seu
enterro eu tirei uma foto do seu rosto, naturalmente fui criticado pela
família, não entenderam... Talvez eu mesmo não entenda porque fiz isso, ou pelo
menos penso assim: Ainda que eu não pudesse faze-la ficar, ao menos sua
última imagem me pertenceria. Quando me separei da Tere em 1987, fui para casa
dos meus pais de mala e cuia. Minha mãe se aproximou, olhou para a mala, olhou
em meus olhos e disse pausadamente: “Aqui você não fica nem um dia...” Verdade,
só consegui passar aquela noite... Maldade dela? Não! Ela queria que eu
sentisse o peso da minha decisão. Ela queria me dizer que as atitudes têm
consequências e que eu aprendesse a carregar as minhas... Digo mais, se eu tivesse
fugido, ela teria dado um jeito de me achar, seu eu tivesse engravidado uma
macaca, ela me apoiaria, se eu ficasse louco, ela passaria a ser a minha razão,
seu eu perdesse minhas pernas, ela me arrastaria para onde eu
precisasse ir, se eu tivesse morrido antes dela, seu coração teria sido
enterrado junto com o meu. No dia em que ela morreu eu coloquei uma notinha no Face
falando do seu falecimento e em algum momento eu disse:

“...Eu devia tê-la
visitado mais, feito pequenas bobagens como lavarmos a louça juntos, tê-la
chamado para sairmos só nós dois, ouvir com atenção suas reclamações, ouvir com
atenção a melodia de sua voz; pois é disso que são feitas as vozes das mães, de
pura música. Conto com seu coração de mãe para me perdoar e conto com sua bondade para, de vez em quando, dar uma olhadinha em mim... Que venha
algumas vezes em sonho me ver e me abraçar. Meu consolo é saber que a vida não
termina, muda apenas de calçada...”
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meu pai Gelson do Carmo Cacilias |
Não estou completamente triste, eu acredito na vida eterna, eu acredito num lugar especial, eu acredito em encontros. Minha mãe certamente está com meu pai. Elas eram um casal, eles eram uma pessoa. Agora nenhum dos dois está mais sozinho, estão fazendo amor nas nuvens...
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Feliz Dia das Mães,
amanhã será eternamente o seu dia.
Ricardo Cacilias
11-05-2012
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