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γνωθι σεαυτόν
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domingo, 2 de outubro de 2011

DEUS AO TELEFONE...



Seguindo a dica de uma amiga, sintonizei agora a pouco o canal 42 para ver o show do Coldplay, nesta madrugada de sábado para domingo no Rock in Rio. Já tinha passado meia hora de apresentação, quando algo puxava a minha atenção para fora da tela da TV. Sentia-me inquieto,  com a sensação de ter deixado a luz acesa em algum lugar, uma panela no fogo ou um ferro de passar ligado sobre a tábua... Havia algo mais importante para ser feito esta noite, e não era estar diante da TV. Sai do meu quarto e fui para o meu abrigo anti-bombas; liguei o computador e fui desabotoando meu coração para que ele pudesse respirar melhor e liberasse seus pensamentos. Afinal, o que havia de tão importante dentro de mim, que não poderia ter esperado o dia seguinte para eu descobrir? Relaxei e fui acompanhando as palavras que foram surgindo na tela, e aos poucos fui entendendo o que havia para ser conhecido. Se eu ficasse quieto, ninguém me cobraria uma posição. É mais fácil ser omisso entre os que não esperam uma atitude, entretanto, os anos tem apurado meus discernimentos e minhas cobranças internas tem aumentado. Quando eu era criança gostava de triturar com os dentes bala dura com gelo, gostava de ficar acordado até de madrugada, olhar pela janela e me sentir o dono da noite, gostava de comer apenas frituras, gostava de acreditar que a minha juventude era eterna enquanto não começasse a pensar como um velho! Mas o tempo é como um pincel nas mãos de um arqueólogo que vai retirando o 
excesso de areia, buscando as linhas do objeto sem ruídos, materializando o que antes permanecia oculto. Depurando, alvejando, denunciando, fazendo-se notar... Deus tem me telefonado mais ultimamente, o toque do seu telefone é inconfundível e quase sempre, por  ser mais leve e mais rápido, é meu espírito quem atende. Seus recados  têm chegado  através da boca de algumas pessoas, estampados
em algumas imagens do cotidiano, através de sonhos ou na releitura de ensinamentos rejeitados quando eu era uma criança! Estou distante de ser um samaritano, muito distante de ser um santo; sou um legítimo fruto do pecado, apenas uma criança de barba que me fizeram acreditar que já era um adulto. A muito tempo atrás um judeu chamado Paulo de Tarso fundou uma igreja que ficava numa antiga cidade grega chamada de Corinto. É sabido que ele enviou quatro cartas para esta igreja, mas apenas duas chegaram ao nosso conhecimento. Num trecho de uma das cartas ele escreveu: 
“Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança e raciocinava como criança. Quando me tornei homem, deixei para traz as coisas de criança.” 

Cheguei ao ponto que deseja chegar. Em respeito a mim, a Deus e ao meu semelhante, quero usar o meu direito a liberdade de  expressão e pedir um  genuíno perdão aqueles
que um dia menosprezei por me achar superior. Tamanho tem sido a rudeza do meu coração, que produzi uma lista extensa. Peço perdão aos judeus, aos negros, aos gays e aqueles que expressaram suas
opiniões e crenças diferentes da minha.  Tenho procurado reconhecer e interceptar minhas comunicações internas, avaliando sua má formação e os desvios de intenções com coloração racista. Eu poderia me 
justificar colocando a culpa em alguém, na minha criação, na sociedade, na história, na formação das nações... mas não  estaria arrancando a erva daninha pela raiz, apenas cortando suas folhas... Esta nação deve muito aos  estrangeiros, aos negros, aos judeus, pessoas que saíram de suas terras para fazer dessa lado do mundo seu lar... "Uma nação é feita de homens e de idéias", disse certa vez Monteiro Lobato.
No início desta semana, minha amiga Cláudia, de procedência judaica, mencionou que estava chegando o Rosh Hashaná (Ano Novo judaico), e num impulso mais forte do que meu bom senso, que não sei explicar pela razão eu disse a ela:
Eu também sou judeu! Jesus era judeu! E eu acredito em Jesus...
Dei som a sentimentos que ainda não sei interpretá-los integralmente; transformei em palavras conceitos que ainda são pouco esclarecidos para mim, uma forma de pensar em que ainda estou tirando o excesso de areia em volta para desvendar de maneira mais objetiva seus contornos. Eu sou um goy, sou judeu, e sou negro... somos todos uma só raça, a raça humana. Há algum tempo, num restaurante de outra cidade, fui atendido por um argentino e num certo momento disse a ele:
Esqueça do Maradona que eu esqueço do Pelé. Não existe a Argentina e nem o Brasil, somos sul americanos...
Ele parou por uns instantes e me olhou em silêncio... Se pensou: "...qué demonios, brasileño estúpido, tengo que soportar para mantener mi trabajo..." ou se pensou, "...tiene algum sentido lo que está diciendo..." eu nunca saberei... Desde sempre nos agrupamos em torno de nossas bandeiras, desde sempre enaltecemos a nossa língua, desde sempre nós fizeram acreditar que a nossa causa é suprema e que o nosso manifesto é irretocável, desde sempre o estrangeiro é o diferente e o meu inimigo... Abraçamos com paixão nossas interpretações quanto a deuses e suas manifestações, qualificando-as, enquadrando-as e moldando-as conforme o batismo aceito pelo nosso grupo. Não existem duas igrejas cristãs que contam integralmente a mesma história!  Se parármos para pensar por um instante quanto a humanidade de um homem, nascido numa cidadezinha sem expressão a oito km de Jerusalém, do ventre de uma judiade pele queimada pelo
sol da palestina, robusto e acostumado a longas jornadas, de olhos escuros, mas com um sólido plano, tão mirabolante que fez o mundo contar o seu tempo antes dele e depois dele. Passou fome, sede, frio e teve uma morte lenta condenado pelo império romano a morrer na cruz... Será mais fácil chegar ao entendimento de que este homem era um Deus, ao contrário de um malandro esperto que teve uma sacada legal e convenceu tudo mundo que era o “cara”... Fico feliz quanto aos telefonemas de Deus... às vezes digo ao meu espírito para dizer que não estou... Às vezes atendo e digo que estou ocupado, mas que vou ligar mais tarde... Às vezes, rebelde, deixo o telefone tocar sem atender... Às vezes deixo o telefone fora do gancho...
Mas ele sempre liga de novo. Seu convite a pensar num mundo amadurecido, me convenceu a acreditar que esse amadurecimento começa comigo; não depois que eu termine de assistir o meu show de rock, não pela manhã após uma noite bem dormida, não apenas baseado na minha vontade e conveniência.

O tempo de mudanças é contínuo e habita no presente. 

Porque o mundo é feito de Homens e não só de crianças...
Boa noite.

Ricardo



Assista o vídeo da música que só 
ouvi no dia seguinte do show ...



The Scientist


O Cientista
Come up to meet you, tell you I'm sorry
Vim te encontrar, te dizer que eu sinto muito


You don't know how lovely you are
Você não sabe quão adorável você é


I had to find you, tell you I need you
Eu tive que encontrar você, te dizer que eu preciso de você


And tell you I set you apart
E te dizer que eu te deixei de lado


Tell me your secrets, And ask me your questions
Me conte seus segredos e me pergunte suas dúvidas


Oh let's go back to the start
Oh vamos voltar para o começo


Running in circles, Coming in tails
Correndo em círculos, atrás de nossos rabos


Heads on a science apart
Cabeças em uma ciência distante


Nobody said it was easy
Ninguém disse que era fácil


It's such a shame for us to part
Oh é mesmo uma pena nós nos separarmos


Nobody said it was easy
Ninguém disse que era fácil


No one ever said it would be this hard
Ninguém nunca disse que seria tão difícil


Oh take me back to the start
Oh leve-me de volta ao começo

I was just guessing at numbers and figures
Eu há pouco estava adivinhando números e dígitos


Pulling the puzzles apart
Solucionando os quebra-cabeças


Questions of science, science and progress
Questões de ciência ciência e progresso


Don't speak as loud as my heart
Não falam tão alto quanto meu coração


And tell me you love me, Come back and haunt me
Diga-me que me ama, volte e me assombre


Oh when I rush to the start
Oh e eu corro para o começo

Running in circles, Chasing tails
Correndo em círculos, perseguindo nossos rabos


Coming back as we are
Voltando para o que nós somos

Nobody said it was easy
Ninguém disse que era fácil


Oh it's such a shame for us to part
Oh é mesmo uma pena nós nos separarmos


Nobody said it was easy
Ninguém disse que era fácil


No one ever said it would be so hard
Ninguém nunca disse que seria tão difícil


I'm going back to the start
Eu estou voltando para o começo

Aah oooh ooh ooh ooh ooh (x4)
Aah oooh ooh ooh ooh ooh (x4)

9 comentários:

Anônimo disse...

muito profundo, continue assim

Ricardo Cacilias disse...

Obrigado anonimo, é mais fácil parar... um abraço.

Roberto Cacilias disse...

Muito bom!!

Renata Cacilias disse...

‎"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele Comigo."
Apocalipse 3:20 - TE AMO, Pai!

Ricardo Cacilias disse...

Gostou Beto? Tenho uma tosca capacidade de me expressar, to achando que tudo isso é psicografia... Um abraço

Ricardo Cacilias disse...

Oi Filha, ao menos tenho um filho que está me lendo... Seu apoio é fundamental. Beijão.

Sandra Machado disse...

Ricardo, muito bonito. Pois sabe que Deus também me liga sempre. Imagina um dia a gente ter com Ele uma ligação simultânea e em viva-voz???
beijo,


Sandra

Sandra Machado disse...

Ricardo,

pois saiba que Deus também tem me ligado, imagina uma conversa a três com Ele em viva-voz?

bj

Sandra

Ricardo Cacilias disse...

Quero mais do que imaginar...
Que essa ligação aconteça!!!