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A eternidade é o
momento que se renova

Nosce te ipsum
Conhece a ti mesmo
γνωθι σεαυτόν
γνωθι σεαυτόν


sexta-feira, 17 de junho de 2016

OLHAR


Nesses dias de calor eu morava em Rio das Ostras e numa daquelas noites de verão de 2016, começou a chover forte. Cheguei até a varanda e um pouco da água benta do céu respingava no meu rosto, até que ouvi meu anjo dizer em meus ouvidos: “Pega papel e lápis, vai chegar um texto no seu coração, anota tudo...” Quando terminei de escrever dei o nome de OLHAR.





OLHAR
.
As vezes
eu só quero um olhar
pode ser curto, ligeiro, fugaz,
mas que seja intenso enquanto dure
ainda que um instante
sem perfume
sem mapa
sem diamante,
tão fundo quanto posso mergulhar
Que me devassa a alma
e rasgue minhas resistências da entrega
Que me tome por seu
e me deixe sem saber
onde sou eu onde é você

As vezes
eu só quero um olhar
que se seja o meu Sol
meu Norte
meu Lar
Que divida os mares
que me costure as estrelas
que destranque as portas do Paraíso
e que sopre o abandono da solidão,
para terras que nunca vou pisar...
tão íntimo e tão particular
que mesmo de Deus passará despercebido 

As vezes
eu só quero um olhar
sem que me faça de réu
sem me dar sentença,
puro, mágico e constante
Dele farei a minha morada 
e viverei do ar que nos aproxima
a mais linda história de amor
e serei feliz pela eternidade 
dessa vida de instantes


21-02-2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

BOLO DE ABACAXI

Baseado em fatos reais







Quando a noite chega e os ecos que o dia produz vão se desprendendo de minha alma virando página virada, outros sons, que moram no "santo dos santos" do meu ser, me chamam a lembrar de casa; da velha casa de muitos anos, da casa dos meus pais. Hoje fui levado as vitrines das lembranças ao entrar num supermercado daqui de Macaé e, passando por uma das mil prateleiras de um dos seus mil corredores, vi um bolo com uma etiqueta escrito, Bolo de Abacaxi. Parecia uma senha, Bolo de Abacaxi. Ao ler essa frase me senti transportado para um tempo em que eu era apenas uma criança amada. Que saudade do cheiro de bolo de abacaxi que perfumavam os sábados a tarde da minha casa. Minha mãe fazia bolo com pedaços de abacaxi caramelizados, simplesmente, uma explosão de sabor numa fatia de bolo. Comprei o bolo na esperança de encontrar, em suas fatias, minha infância, minha mãe, minha casa, meus dias de criança... Mal cheguei em casa, sei lá onde larguei minha mochila, sem lá em que canto a chave da moto caiu, atravessei paredes e cheguei na cozinha com a faca em punho debruçado sobre o tal Bolo de Abacaxi. Cortei uma fatia como um médico cortando o peito de alguém para chegar ao coração. Abri minha boca e provei o bolo. Acordei como num susto. Não tinha pedaços de abacaxi caramelizados, nem minha infância, nem minha mãe, nem minha casa, nem meus dias de criança... 

Só havia saudade...








07-06-2016