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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VIRANDO PAREDE...







Estou me fundindo 
a este lugar, desfazendo-me das carnes, estou 
virando parede. 
Absorvendo a rugosidade da tinta, bebendo da sua cor, calcificando minha garganta, cercando de tijolos minhas expectativas; pois estou virando parede. Surge em meu corpo, aqui e ali, furos de pregos que se foram, 
que seguravam telas de Sol nascente, marcas de fitas que um dia prenderam fotos e seus sorrisos; estou empoeirando-me, desgastando-me... Estou virando parede. Um dia lembrarão de saber como estou e sapatos trarão seus donos a minha porta, virão ver que luz me resta nos olhos e de que palavras ainda me recordo. Entrarão porta a dentro chamando meu nome, entrarão sem bater para fazer surpresa e a surpresa será o vazio do lugar... Perguntarão entre si por onde eu ando? Quem me viu passar? O que devo estar fazendo?... E estarei diante deles, gritando e agitando meus braços, tanto quanto uma parede pode gritar e se agitar. Não me verão e nem me ouvirãoporque sua demora me desfez, seu esquecimento me apagou, meu tempo acabou, me deixaram virar parede...


20-09-2012
em memória a tantos que
hoje moram nas paredes



2 comentários:

Rita Valente disse...

Depois de ler este texto, tenho ainda, mais certeza de que deveria ter estudado psicologia...
Adoro te ler e ver sua falta de pudores para com vc, mesmo? Parece que está sempre se despindo de roupas velhas que já não te servem...
Abraços!!

Ricardo Cacilias disse...

É com prazer que leio seu comentário. É sempre bom receber a visita de um amigo. Espero que o destino promova ajustes antes que eu vire parede. Hoje entendo algumas sensações que tive em algumas ocasiões, de entrar num ambiente e sentir que haviam presenças; eram pessoas que tinham virado parede, estavam do meu lado, mas eu não as ouvia e nem as enxergava... Um grande beijo querida amiga. Ricardo