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sexta-feira, 20 de julho de 2012

A SIMPLICIDADE DE UM OLHAR...


Talvez um olhar mais simples das coisas, tivesse me deixado mais alegrias nas lembranças. Estou farto desse meu olhar específico, de querer sempre ver o significado da imagem. Estou cansado desse meu olhar técnico, desse olhar apressado, tão maduro quanto burro, tão estéril e descartável. Como fui petrificar meu olhar? Quem me ensinou que as imagens podem ter mil histórias, quando a mais bela é o instante em que a vida roça em suas bordas? Queria voltar a ver como uma criança, me surpreender, me emocionar, me deixar envolver livre das reservas que a vida foi pendurando em meus olhos... Tive olhares que me renderiam músicas, mas tive pressa de entender a melodia. Tive olhares que me trouxeram cheiros, mas estava atarefado demais para aprecia-los. Tive olhares que foram os mais importantes da minha vida, mas estava ocupado com os ajustes da máquina, enquanto passavam diante de mim na velocidade que um rio profundo pode ter. Não tive a decência de acolhê-los em seu tempo real e nem a sabedoria de reconhecê-los como sendo únicos. A vida não se rebobina para rodar novamente diante dos nossos olhos. Por isso tenho imagens em minha lembranças sem cheiros, sem brilhos, sem som... Apenas imagens. Eu devia ter apreciado mais, deixado o sol me ofuscar, o cheiro me inebriar, as cores me lambuzarem, e teria muito mais do que fotos na caixa, teria lembranças para me aquecer e me fazer sorrir. A fotografia registra em papel um instante, mas estar de alma presente vivendo o momento, é poder justificar um espírito ter ocupado um corpo e nele vivido intensamente.

20-07-2012



4 comentários:

Iza disse...

Ricardo, muito bom! você vem a cada post expressar sua sensibilidade, a delicadeza da percepção da vida.
Parabéns!!!

Ricardo Cacilias disse...

A vida tem me depurado... É muito bom ver você aqui no meu cantinho. Um beijo carinhoso, minha querida.

Rita Valente disse...

ME PARECE UMA BELA CRÍTICA, PRÓPRIA DA MATURIDADE QUE VEM PARA TODOS NÓS, SERES MORTAIS.
O MAIS BACANA, É QUE LOGO, LOGO, OS ODORES PERDIDOS, NÃO SENTIDOS, NÃO PERCEBIDOS, NÃO CHEIRADOS, NÃO TOCADOS... COMEÇARÃO A DAR O AR DA GRAÇA NAS LEMBRANÇAS. E AÍ, SERÁ UM TURBILHÃO DE SENSAÇÕES INEBRIANTES E UM ESTADO DE FELICIDADE QUASE PERMANENTE... É ASSIM, PARA O TEMPO DA COLHEITA.
AGUARDE E CONFIE. O TEMPO O "SENHOR DA SABEDORIA" FARÁ DE SEU OLHAR MAIS QUE UM OLHAR DAS LEMBRANÇAS EM BUSCA DE ODORES PERDIDOS, SERÁ UM OLHAR GENIAL E PERFUMADO.
VOCÊ É MUITO CORAJOSO, NÃO TEM MEDO EXPOR A ALMA. PARABÉNS!
QUANDO EU CRESCER, QUERO SER ASSIM.

Ricardo Cacilias disse...

Oi Rita, que bom te ver aqui! Minha mãe me disse algumas vezes que se eu tivesse nascido menina, meu nome teria sido RITA. Eu nasci em 22 de maio, dia de Santa Rita. Acho que vc tocou, com a fina agulha da sua característica percepção, o centro de onde meu texto foi gerado: A chegada, ainda que tardia, da MATURIDADE. Acho que "maturidade" é rótulo de um tipo de cantil, um cantil que nunca conseguirei enche-lo absolutamente, pois sempre poderei descobrir infinitos desdobramentos, de esquinas, de novas ruas, de novas cidades... Quanto mais cheio conseguir mantê-lo, mais chance tenho de matar as sedes que tenho sentido, às vezes não basta apenas beber desse cantil, tenho vontade de jogá-lo na cara e deixa-lo escorrer pelo meu pescoço. Muita burrada foi feita por ter me faltado água neste cantil, antes tivesse me afogado nele do que ter juntado histórias idiotas para contar aos meus netos... Acho que estou distante “do tempo da colheita”, mas é bom saber que ele existe! Renova a minha fé de que plantar boas sementes, é colher bons frutos. Por acreditar nisso vou aguardar e confiar. Tenho muito medo, apesar de todas as promessas que a fé nos rende, apesar de saber que tenho um Deus pessoal e não uma figura na estante – eu tenho muito medo de gastar a minha vida. Ter acordado para a certeza de que não há repeteco, está me fazendo iluminar meus mergulhos, não consigo mais mergulhar no escuro... Por fim você me fez rir com a sua frase: Quando eu crescer, quero ser assim. É minha frase preferida. Vivo dizendo isso. Coincidência gostosa!!! Beijos. Obrigado!