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A eternidade é o
momento que se renova

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γνωθι σεαυτόν
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

AS DEZ COISAS...

Oi. Cá estamos de novo... 
FRANK SINATRA
Estou me acostumando com suas visitas a este velho olhos azuis; não tão bonitos quantos os de dona Malvina ou do Frank Sinatra... Mas agradecidos por sua insistência...
Sonhos são sonhos, pesadelos são pesadelos e amnésia é outra coisa...
Gostaria de te contar sobre alguns sonhos que tenho guardado como diamantes numa sacolinha, no fundo da segunda gaveta do meu coração. Alguns sonhos cultivo a tanto tempo que estão com as folhas meio amareladas, precisando de uma boa chuva de verão... Tenho sonhos que são apenas meus e outros que foram sonhados juntos com a ex-senhora B; sonhos que receberam nomes como damos aos filhos quando nascem, sonhos que viraram planos eternos adiados por falta de tempo ou dinheiro ou falta de tesão para realizá-los. Quando o fim de semana chega estou tão cansado, que me falta aquela explosão de pegar a vida pelos ombros e dar uma forte sacudidela e dizer: "Epa! Qual é?... Tá maluca? Só cobra, cobra... e EU? Porra!!!" Existem na internet alguns sites com o título: "100 Coisas Para se fazer Antes de Morrer..." Como sou um suburbano caipira, tenho a minha própria lista, mas ela só tem 10 Coisas Que Desejo Fazer antes de Morrer... É claro que existem variações que se desdobram dentro de cada item. Os desdobramentos acabam se somando a outros e como numa reação em cadeia, realizando a maioria dessas 10 coisas, acabarei por fim em acreditar que não vim a esse mundo apenas para trabalhar, pagar conta, comer, fazer coco e dormir... "Ai, ele falou em coco, que bárbaro!!..." Mas todos nós não fazemos coco todo dia? Se não acontece isso contigo, é melhor procurar ajuda... Voltando a minha lista, gostaria que você, meu leitor, pensasse na sua própria lista. Tenha ao menos um esboço do que você realmente gostaria de fazer se não tivesse preso as teias da rotina; tenha a liberdade de pensar, de ousar, de se presentear, tenha a liberdade de se amar, de se respeitar e acreditar que você pode - "Yes We Can!!" Onde já ouvi isso antes??? Apesar de você ser um amigo de texto, ingrato, não me manda uma carta, um e-mail, um comentário... Vou abrir a segunda gaveta do meu coração e te dizer quais são as 10 coisas que quero fazer antes de sair de cena...

NÚMERO UM: Voltar a pintar... 
(Já pintei algumas telas, menos do que estavam prontas aqui dentro para virar tinta. A maioria delas seguiu rumo próprio... Assim como escrever, pintar para mim é uma deliciosa forma de expressão, um pensamento feito de tinta, uma emoção impressa...)
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NÚMERO DOIS: Aprender a tocar um instrumento...
(Adoraria tocar um piano, um violão, um sax, uma guitarra. Eu tenho um violão encostado na parede há 29 anos... Olha, eu tenho um filho músico, o númeno dois, Marcelo Cacilias, é de emocionar a sua capacidade de mistura os sonhos e os ritmos ao ponto de fazerem sentido ao próprio espírito... te amo filho...)

NÚMERO TRÊS: Ter um cão Labrador...
(Foram 52 anos querendo um cão de verdade, amigão, sei lá... nunca tive um cão para dizer que era só meu... Eu gosto do labrador porque é grande, tem pelo curto e cara de inteligente.) 

NÚMERO QUATRO: 
Aprender uma língua estrangeira... 
(Todo mundo estudou inglês na escola...e nós, a maioria, na frente de um americano, inglês, alemão, japonês, não soltamos um verbo em inglês... É muito deprimente estar na internet e sentir-se um analfabeto. Gostaria de dar um basta nisso...)



NÚMERO CINCO: Ser um doador de sangue...
(É com sentimento de vergonha que digo que nunca doei sangue... Durante anos escutei apelos feitos por instituições de saúde pedindo que doe sangue "um ato de amor". Nunca fui. É muito fácil estar dentro de uma igreja e dizer que ama o seu "próximo"; muitas vezes dizer amar ao próximo é apenas uma frase repetida vulgarmente, como "bom dia"... As vezes amamos a determinados "próximos" como o indivíduo que está do seu lado sentado no banco da igreja, os membros da sua família... Doar uma parte que te pertence sem troca de dinheiro, sem conhecer a quem será beneficiado, fazer com que a frase "ame ao seu próximo" se materialize, fará de mim uma pessoa melhor e mais próxima de Deus.)  

NÚMERO SEIS: Ensinar um analfabeto a ler...
Eu não ensinei a nenhum dos meus 4 filhos a ler. Isso ficou a cargo da escola, no seu tempo certo e na sequencia corriqueira da vida. Mas um adulto que não sabe ler, é uma pessoa que enxerga a  sua própria cegueira... Quero ser parteiro de uma vida desperdiçada, quero saborear o momento que algumas letras fizerem sentido para alguém pelo meu intermédio. Além de achar que isso será bom para um ser humano, além de achar que vou contar uns pontinhos com Deus, além de estar exercendo meu papel como cidadão brasileiro, isso vai me dar um êxtase de satisfação e vou me sentir uma pessoa melhor por isso. É uma forma elegante de entrar na vida de alguém e jamais ser esquecido.)
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NÚMERO SETE: Fazer mais amigos...
(Tenho muito poucos amigos, talvez eu tenha mais do que realmente percebo. Quero dar mais crédito a sensação de que aquela pessoa gosta de mim e daí germinar uma boa amizade. Quero visualizar melhor meus amigos, quero me reunir com eles em intervalos menores, com calma saborear suas presenças, crescer com seus ensinamentos, ouvir suas estórias. Eu tenho um amigo de adolescência chamado Júlio, não o vejo a muitos e muitos anos, mas nunca perdi a sensação de que ele é um grande amigo. Preciso ligar para ele... 
  
NÚMERO OITO: Viajar para a Europa e conhecer as cidades que vejo nos filmes. Portugal, Itália, Grécia, Alemanha, Espanha...
(Preciso dizer mais alguma coisa? Viajar, conhecer lugares, pessoas, seus valores, sua comida, seus ícones... Vai ser muito bom! Acima de ser brasileiro e sul-americano, eu sou um cidadão do mundo; preciso conhecer melhor esse planeta, seus mares, suas terras...)


NÚMERO NOVE: Recompor a minha família...
(A minha lista não é sequencial, mas tenho alguns itens mais importantes do que outros. Eu não sou auto-suficiente, eu não me basto, não tenho a capacidade de interpretar sozinho os perigos que adivinharão, não consigo me divertir sozinho, não consigo sonhar sozinho. O conceito de família é capenga e cheio de falhas, mas não inventaram nada nada melhor do que isso.)

NÚMERO DEZ: Transar com a Sharon Stone...
(Sharon, hello, how are you??? Será que ela gosta de latinos???... Ela é linda, talentosa e inteligente. Será que vai dar??? Call me, my love...
Esclarecendo: Primeiro eu transo com a Sharon, depois eu recomponho a minha família. Homem não vale nada...)
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De todos os sonhos justos, abstratos ou infantis... o que mais desejo que seja realizado é a restituição do corpo partido do meu casamento, sem a qual nenhum outro sonho será glorificado, nenhuma vida poderá ser chamada de verdadeira. Não tenho vergonha de dizer que amo. E por esse amor vou procurar ser alguém melhor. Chega, você deve estar com sono de tanto blá, blá, blá... Até amanhã.
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Ricardo Cacilias

A ROSA DE SARON

Veio hoje de novo? 
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Você está realmente ai?
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Ainda não me acostumei com a magia de falar tão intima e abertamente com uma pessoa que não conheço. Na minha adolescência, computador era chamado de “Cérebro Eletrônico”. Quando escrevíamos um texto na máquina de escrever e errava, não havia editor de texto, tínhamos que ficar segurando uma fita com um pozinho branco e você batia de novo a letra errada entre o tipo da máquina e o papel, para que o pozinho fosse transferido para o papel e cobrisse a tinta da letra errada e depois você voltava e batia a letra certa.... Ficava uma cagada só, mas para o padrão da época era aceitável. Cansei só de lembrar... Sou ainda muito caipira para assimilar de maneira absoluta e abrangente essa ficção científica de estar num quartinho nos fundos do meu apartamento, que batizei de “O refúgio do Guerreiro”, escrevendo minhas bobagens e alguém, sei lá quem, e sei lá onde, também no seu próprio refúgio, acompanhando meus textos, no dia seguintes ou muitos dias depois de tê-los escrito.... Por isso pergunto se você está mesmo ai? Conforta-me acreditar que sim. Apesar de que, no fundo, sinto que falo apenas comigo mesmo... Já que somos amigos de textos, vou contar uma confidência: a senhora B não está morando mais comigo. Está há mais de duas semanas na casa da mãe dela. Tenho dito aqui e ali que ela viajou... Viajou porra nenhuma... Fez uma pequena maleta e levou, além de alguns pertences, essências tão saborosas quanto absolutas da minha vida, moldadas nas alegrias e frustrações geradas no dia-a-dia desses 25 anos de convivência... Cara está doendo mais do que pisada em unha encravada! Por isso peço desculpas para você, não estou sendo uma boa companhia de bate-papo... Um dia você acorda e o eixo do seu mundo rotacionou 180o, o que antes era teto agora é chão e vice-versa. Sejamos francos, todos os dias acordamos querendo que o equilíbrio das coisas que acreditamos e das coisas que conquistamos não se rompa, pois as instruções de como devemos proceder em caso de pane em pleno voo, não constam no nosso diário de bordo... Na verdade a nossa grande expectativa secreta é que as mudanças sejam apenas singelas, adocicadas, capengas, serenas, frágeis e que não nos deixe descobertos a pontos de termos que romper a nossa casca e brotar suco de nossos paradigmas. A rotina é confortável, tão maldita por nós, mas ela é muito confortável e previsível. Na maior parte do tempo estamos mais preocupados em tentar garantir aquele de sempre sobre a mesa, aquela prateleira meio cheia da geladeira, aquele mínimo necessário para sanar as dívidas dentro do prazo, aquela nossa convicção que doença só acontece na casa do vizinho... Aturamos o patrão, aturamos o gerente, aturamos os clientes, aturamos o nosso trabalho sabendo que existem bilhões de coisas maravilhosas para se ver e conhecer neste mundo, mas que para nós, cada vez mais, só existem nas telas do cinema ou nas revistas... Acabamos por nos contentar em visitar Caxambu uma vez por ano ou qualquer outra coisa por ai... Exibimos aos colegas do trabalho as mesmas fotos das mesmas férias que tem se repetido todos esses anos... E ainda ficamos felizes de poder ao menos realizar essa extravagância... E acima de tudo, aquela nossa estúpida convicção de que existe um deus moldado a nossa imagem e conveniência, interpretado conforme nossas necessidades e frustrações; não o Deus real, não o verdadeiro, o magnânimo, o perfeito, a Rosa de Saron, mas aquele deus que secretamente achamos ser meio cego, que não vê com clareza nossos vacilos, que tem péssima memória sobre nossas mentiras, sobre os deslizes que cometemos... deus superbonder comprado no mercado para restaurar as pontas quebradas que vão surgindo... 

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Será?
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Eu avisei, hoje não estou uma boa companhia para bate-papo. Sozinho neste apartamento grande e dormindo numa cama vazia, me falta vontade de ser falso contigo... Se a alma fosse constituída de células, sinto que cada uma delas estaria sendo espremida como aquelas espinhas que tínhamos quando achávamos que o Mundo nos pertencia...
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Já passa da meia noite. 
Até amanhã, ou como dizem nas viagens de avião do corujão: Bom dia.
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Ricardo Cacilias

sábado, 27 de agosto de 2011

O ENGANO DE DEUS...





Eu devo estar ficando muito velho ou muito louco, pior, eu devo estar ficando muito velho e muito louco... Acordei esta manhã de sábado com saudade de choro de criança... Eu sabia que acabaria assim, um velho babão procurando fantasmas! Cá pra nós, esta é a falha do plano de Deus. Quando somos jovens e escovamos os dentes com a pasta da vitalidade, tomamos banho com o sabonete da empolgação, nos vestimos com a roupa do entusiasmo e nossos olhos são feitas de determinação; é nesse tempo que temos filhos. Mal comparando, é como você ir a uma churrascaria e ter feito antes um grande lanche... Parece que à hora de sermos pai, não é hora de saborearmos essa benção, parece que o tempo tem minutos a menos e não podemos ser absolutos em lidar com o milagre da vida... Somos miupes achando que vamos viver mil anos... MIL ANOS!!! Da mesma forma que um jovem sem filhos não entende a dimensão da paternidade nas suas cores e nuances, creio que eu ainda não alcancei a compreensão da ideia de ser avô. Acho que estou falando um monte de bobagens... Tenho estado sozinho nesse apartamento enorme
a tanto tempo que  começo a falar em pensamento comigo mesmo. Tenho me cobrado por não ter sido um filho mil vezes melhor do que consegui ser, um marido mil vezes melhor que a Beatriz e a Terezinha mereciam ter tido e um pai um milhão de vezes mais presente e mais intenso que meus filhos precisaram... Eu poderia ter feito uma vida mais caprichada, sem garranchos ou textos inteiros escritos por cima de outros textos. Ontem a noite, vendo TV, vi meu filho de dois anos entrar correndo na sala com aquele sorriso em sua cara gordinha, que só ele sabia fazer. Sumiu quando pensei em estender meus braços para abraça-lo. Estou ficando louco, de saudade, de remorsos... Às vezes no meio da noite escuto minha ex-mulher respirando ao meu lado, mas ao vira-me, vejo apenas seu travesseiro sem rugas, esticado... De que tempo e dimensão proliferam esses vultos, são lembranças do que passou? São projeções de fantasmas que nascem do meu estéril poder de NÃO poder fazer a rotação do Sol retroceder? Visões espirituais, visões emocionais ou simples lembranças... Velho, muito velho e muito louco, a vida está batendo forte com sua vara de marmelo em minhas costas... Deveríamos traçar a luta pela vida, as batalhas, as conquistas enquanto somos jovens e depois dos 40, com dinheiro no bolso, estabilizados, seguros, mais sábios e mais vividos, aí sim, viriam os filhos...  Dessa forma eu não teria fantasmas cobrando suas promissórias nas esquinas de minhas lembranças. Será que sou mais sabido do que Deus? Acho que não, mas o que estou falando, para mim, faz muito sentido...   
Hoje conheço mais estórias para contar e toda a paciência do mundo para isso do que quando tinha 25, 30 anos.... Hoje entendo melhor os medos das crianças e suas expectativas de proteção e amor... Hoje meus minutos valem ouro, quando tive momentos em minha vida que nem sabia que eles tinham algum valor... Hoje eu entendo tantas coisas que o ignorante de mim mesmo, anos atrás, não tinha espaço para entender... Tudo bem, sei que Deus está certo e eu estou errado, preciso viver mais e ser um pouco mais sábio para entender melhor os planos do meu criador.  
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Perdão Deus!
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Ricardo Cacilias
    27-08-2011


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Recebi a pouco a notícia de que o Sr. Steve Jobs não está mais a frente do comando da Apple, por causa de sérios problemas de saúde. Criador do sistema operacional Macintosh, fundador da Apple e do Centro Cinematográfico digital Pixar Animation, criador do primeiro filme animado Toy Story e outros como Procurando Nemo, Ratatouille,... Criador do iPod, iPhones, etc... Lamento profundamente que uma mente tão criativa esteja sendo abatida com o câncer, coisa que muita gente que merecia passar por isso dedica-se de sobre maneira a corrupção no governo e a roubar os valores que os impostos nos tomam... Separei um vídeo extremamente motivador, e gostaria de dividir minhas impressões com vocês.
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Formatura da University de Stanford em 2005, por Steve Jobs. 

 Vale a pena assistir até o fim.
  É só clicar na seta

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MOHAMED, FUI DEMITIDO!!!!



Mohamed
Recebi hoje cedo um relatório dos acessos ao meu blog, e fiquei surpreso, pois tem gente de outros lugares do mundo perdendo o seu tempo em me contemplar com suas visitas...
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Gostaria de agradecer aos 572 acessos, sendo 469 de brasileiros, 76 acessos dos Estados Unidos, 22 acessos dos meus amigos alemães, 2 acessos da Inglaterra que desconfio terem sidos feitos pela rainha e 1 acesso de um amigo do Paquistão?!? Mais exatamente da República Islâmica do Paquistão اسلامی جمہوریۂ پاکستان.
Fiquei tão orgulhoso de um cidadão do Paquistão ter lido o meu blog, que resolvi escrever um especialmente ao meu amigo Mohamed... 

MOHAMED, FUI DEMITIDO!!!
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A fila anda Mohamed e novos rumos me conduzem para o amanhã... Meu voo sobre essa vida está passando por turbulências, as mudanças fazem parte da estrutura do mundo físico e espiritual. Nem as rochas magmáticas de vulcões extintos há milhões de anos escapam de mutações, imagine eu um mero 'cara' não sofrer  transformações... Levei um pé na bunda e ainda tive que ouvir: "não é pessoal, são negócios..." Foram 11 anos ou 4.015 dias, ou 96.360 horas... Oficialmente fui demitido na segunda-feira dia 22 de agosto, e nesta próxima segunda-feira, 29 de agosto, re-começo a trabalhar numa empresa onde já trabalhei por  8 anos. Acabei de escrever e enviar um e-mail de despedia a centenas de ex-colegas que agora fazem parte da minha história: 
"Antes que apaguem meu endereço institucional de e-mail, gostaria de enviar essa última mensagem. Um ser humano é a conjunção da seguinte trindade: Corpo, espírito e conhecimento. Meu corpo é o resultado de meus pais, meu espírito pertence ao meu Deus - e a ele retornará; e meus conhecimentos são as pedras colhidas no transcorrer da vida que se transformam na matéria-prima na composição de novas estradas. É onde vocês entram neste caleidoscópio vivo que compõe a minha vida. Tive o privilégio de conviver com suas experiências, a maneira como atuavam em seus trabalhos, e mesmo entre alguns colegas saboreei momentos de amizade sincera e edificante. O convívio diário, cada conselho, cada gesto e olhar amigo fincaram gestativos em minha pessoa, pois se nunca mais nos vermos, cada um de vocês sempre estarão comigo em minhas lembranças e em meu respeito. Será difícil estender a mão e dizer um sincero obrigado a cada funcionário membro desta família, mas esse é o sentimento que me empolga; admitir o quanto foi maravilhoso fazer parte deste corpo. Saio melhor do que entrei, esta empresa fez de mim uma pessoa melhor, um profissional melhor e ainda me pagavam por isso. Obrigado indistintamente a todos, desde aquele que catava o papel no fim do dia aos donos da empresa. Privilégio se paga com gratidão e espero nunca me esquecer disso.
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Muito Obrigado
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Que deus nos abençoe.
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Ricardo Cacilias"

Lembranças atos,  descuidos, heroísmos; um dia todos nós seremos apenas um punhado de pó. Que seja ao menos pó de ouro... Essa foi para você meu amigo paquistanês.


from Brazil 
Ricardo Cacilias
       26-08-2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ATÉ QUANDO?

Até quando erguerei meu rosto a lembrar saudoso dos tempos da escolha?
Esqueço-me continuamente a respeitar os resquícios de minha pessoa...
Desses punhados, restante e calcinados, 
Ofereço-te em sacrifico diante de olhos negados.
Arrepio-me quando a lança dos teus olhos buscam o alvo do meu peito.
Nada de nomes, somemos apenas nossas certezas...
Assim vacilante, de espada tremula e vontade reduzida,
Cambaleio ferido nesta luta em conquistar-te absoluta.
Combate sem vitorias entregue a sua prepotência e valentia.
Dos meus dignos conceitos, restam-me o sonho de polinizar-te novamente.
Ver nascer da tua boca um som de amor, 
Fragmentos de palavras que nada sabem sobre a dor.
Ver teu corpo tremer como num intenso frio, 
Apesar de fumegar nas chamas deste vazio.  
Ainda terei visão para acompanhar tua mão 
Buscando um consolo aguerrido e pulsante, 
Preso abaixo de meu peito a te espetar amante.
Buscar no teu profundo a dádiva de gozar em teu mundo.
Das certezas altivas que me transpunham,
Restou-me farrapos, cores desbotadas, etiquetas já sem nomes...
Tenho apenas olhos escravos do teu movimento.
É na tua boca que encontro meu alimento!
É do teu hálito que encho meu peito!
É no toque do teu corpo que faço deste meu áspero 
A mão suave como a face de um nascido...
E na procura do entendimento desse meu caminho, 
Pergunto-me em qual alameda me distancio?
Em que beco me escondo, onde seguirei sem o teu encontro?
Tenho percebido aflito os passos destas pegadas, 
Pois quando vou, desejo voltar...
E quando em regresso, desprendo-me a partir.
São as malvadezas deste amor que perfuram minhas mãos
No doloroso som de metal de um martelo bandido.
Sobre cada mão um prego esquecido,
Cravado de prazer por te querer, 
Sangrando no desespero por não te ter!
A lembrança do teu cheiro me enrijece até a alma, 
Mas em nuvem se transforma,
Pois meus braços curtos não te tocam. 
Uso das lembranças instrumentos de prazer...
Às vezes faço de minhas mãos tua abertura pulsante e aquecida,
E nem sei por quantas vezes tive entre meus dedos, 
O mel que te ofertava com alegria.
Nada sei e pouco espero, pois o amanhã é cativo aos que não se negam.
Quis o destino me dar um amor não correspondido.
Deposito meus dias no solo desta guia, acreditando que um dia tuas pegadas
Vão registrar teu regresso a minha vida.


Ricardo

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

__ E.F.M.A. __

Como eu disse uma vez, minha língua normalmente mede meio metro, mas às vezes chega até os meus pés... Meu emprego é Consultor de Projetos. Eu trabalho numa grande empresa do ramo mobiliário, num shopping do Leblon há 11 anos... Às vezes recebo pessoas em nossa loja de exposição que fica no terceiro andar. Tem semanas que estou tão abarrotado de projetos que os fios da minha cabeça viram um miojo lamem... Foi numa dessas semanas insanas que funcionou meus poderes extra-sensorias capacitores de análise profundo de meus clientes... São esses capacitores que reagem com um estridente apito interior quando o espectrograma diagnostica o famoso: EFMA = Elemento a sua Frente não Merece Atenção...
Philippe Pinel 1745 - 1826
Os motivos que levam o apito a entrar     
em funcionamento logo após a leitura do EFMA são vários: clientes sem dente,  
blusa com inscrição no bolso Pinel
cliente que chama armário de guarda-
roupa, partileira, agromerado, etc. Eu 
estava sentado a minha mesa diante de um projeto cuja cozinha parecia uma caveira, cheia de colunas e dentes, e comecei a perceber que eu estava perdido dentro daquele labirinto, quando a atendente do show-room ligou para a minha mesa e disse que havia alguém pedindo informações. Péssima hora para ser interrompido, justo quando encontrei uns pedacinhos de pão no piso daquela cozinha que iria me mostrar o caminho de uma grande solução... Tudo bem...  Endireitei a cara, esfreguei os olhos e dei uma olhada nos dentes, depois do almoço sempre corremos o risco do feijão dizer olá antes da gente...  
Bom dia, tudo bem??
Parecia até que eu era um amigo encontrando outro... Ele me olhou e ficou mudo!! Olhei para o lado como quem procura algo e voltei a falar. Tudo bem amigo? Posso ajudá-lo??? Ele chegou pertinho de mim, perto demais, e perguntou: Vocês fazem guarda-roupa??? Senti um repuxão no canto da minha boca que vinha do pescoço até um pouco acima das minhas coxas... Uuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeeee, a sirene tocou até ficar roxa, eu estava diante de um legítimo EFMA. Quantas letras têm a palavra “fazemos”, uma? Eu usei dez efes... Apontei uma cadeira junto a uma mesa e pedi para o senhor sentar-se. Perguntei: O senhor tem uma planta? Ele disse: Não, minha mulher é que molha uns pés de cebola lá na área... Fiquei procurando graça na piada do sujeito e o pior, não era piadaNão amigo, eu quis dizer se o senhor tem um desenho cotado do ambiente para que eu possa fazer uma proposta para o senhor... Ele ficou meio sem jeito e riu: Aaaah desculpa eu entendi errado. Não, não tenho um desenho. A sirene tocou de novo... Nisso entrou um garotinho correndo e foi direto na geladeira que temos na exposição, ele abriu a geladeira e bateu a porta com força... Comentei: Essas crianças sem disciplina... meus filhos não fariam isso... Ele concordou comigo com a cabeça, se virou para trás e disse: Zé Antônio, para de mexer nisso, droga...
Porra, fiquei super sem graça e ele completou: É a mãe dele que estraga essa criança. Para amenizar falei: Mais que garotão bonito, já tem quanto??? 10 anos??? Ele arrebatou: Nãããooo, já fez 15...
Porra de novo, eu estava desconcentrado, não deveria ter iniciado esse atendimento. Nisso entrou uma senhora com um penteado de coque, sei lá que nome se dá aquilo, de saia e uma meia até o joelho. Pegou o garoto pela mão e foi olhar o resto da loja. Anotei o endereço do cavalheiro para medir o local do projeto, rua tal, nr tal, bloco tal, bairro tal e perguntei: Pode ser na segunda-feira as 09 hs. Ele disse: Eu não vou estar em casa, mas pode ir... Eu perguntei: Quem vai estar na casa, a sua mãe??? Minha mãe? Minha mãe já morreu! Meu dedo ainda estava se recolhendo quando ele entendeu que eu estava falando daquela senhora de meião no meião loja. Aaaah não, ela não é minha mãe, é minha mulher... E é ela mesma quem vai te receber... Despedidas, tchau senhora, tchau Zé Antônio, tchau... Voltei arrasado para minha mesa e fiquei imaginando aquele cara rindo de repente no carro e sua esposa olha para ele pergunta: Que foi homem, tá rindo de que?? Daquele cara lá da loja do guarda-roupa, perguntou se o Zé Antônio tinha 10 anos e se você era a minha mãe... ha ha ha...  Me falta imaginação para pensar no que ela diria sobre isso... Já que era ela quem iria me receber, pergunta se eu fui???

Assustado com o Mundo...
Ricardo Cacilias

Obrigado pela lembrança, Dina.


Cenas do próximo capítulo:
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...Não estou me sentindo muito bem, e pus a mão na boca, a senhora muito preocupada perguntou: Quer que eu traga alguma coisa, uma água?? Eu disse: um Whisky com gelo me faria sentir melhor... ela me olhou com uma cara engraçada, mas na expectativa deu manchar seu carpete com o que eu tinha no estomago, correu buscar a bebida...
Tão logo o copo chegou em minhas mãos virei direto na boca, ela esperou um momento e perguntou: Melhorou?? Eu fiz cara de preocupado e disse: Estou quase bom... Ela não pensou duas vezes, correu e pegou outra dose, mas dessa vez copo cheio e sem gelo... 

QUANTO MEDE UM AMIGO???

Penso que algumas pessoas confundem a ideia de um amigo com a imagem do gênio da lâmpada que surge num esfregão ou numa ligação telefônica. Amigo não é um cotonete na caixa azul esperando para ser usado... 
Na verdade um amigo é apenas alguém que espera que você seja feliz...
Nunca fui um cara de muitos amigos, amigo é coisa rara! 

Senhor G
Senhor G
Eu tenho um amigo chamado  Paulo G. parece um urso branco, é grandalhão e dá cada patada... Não é dado a sutilezas nem a amenidades, na verdade a maioria da vezes parece pesado e inóspito. Os cactos pontiagudos tem sua beleza, basta nossos olhos não perderem o sentido de seus contornos e de suas cores...
Talvez os iguais se reconheçam no reflexo da sua própria imagem e nos sentimos incomodados por não gostar exatamente do que estamos vendo... Também tenho meus momentos pouco sublimes, também sou chato, também não estou integralmente feliz com a minha vida, também tenho meus atos falhos...

Há pouco tempo o senhor G ficou doente, e eu fiquei preocupado... Ligava todos os dias para a mulher dele para saber como ele estava. Uma vez fui ao hospital com a senhora B visitá-lo e aquele urso branco estava abatido... Pareceu até gentil e eu fiquei mais preocupado ainda. Quando finalmente soube que ele teve alta e que voltaria ao trabalho, fiquei feliz, afinal é um dos poucos caras que bebe comigo e consegue me fazer rir com uma piada... Além de fazer falta ao nosso grupo, eu sentia falta de curtir com a cara dele!
Na minha empresa não é permitido ir de tênis, regras da casa, mas no dia anterior meu sapato se enamorou por uma bosta de cachorro e se afogou até os cadaços, não teve jeito, posto para lavar no dia seguinte fui de tênis trabalhar... Quando cheguei à loja o senhor G estava sentado com cara de espirro por causa dos fortes remédios que estava tomando e me aproximei dele dizendo: "Cara levanta um instante..." E aquele urso de 1,83m se levantou com sua imensa barriga e eu disse: "Me dá um abraço aqui de boas vindas..." e abri meus braços... O inóspito falou: "Cuidado, operei aqui do lado.... não aperta!!" Porra, pensei, será que ele colocou silicone nas mamas?? Terminado nosso abraço de macho com os pintos afastados, eu nunca vou me esquecer, ele olhou bem nos meus olhos e disse: Porra, Ricardo, veio de tênis???  
Esse é o senhor G, meu amigo.
Fraterno abraço a todos,

Ricardo

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

VÉSPERA DE UM NATAL AZEDO...

HISTÓRIA BASEADA EM FATOS REAIS, 
INFELIZMENTE.
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Quase todo mundo tem uma história especial
de Natal para contar; vou contar a minha, então.
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Era noite do dia 23 de dezembro de 2010, imagina como foi ao longo daquele dia... Dava até para pegar com as mãos o espírito natalino que a todos envolvia. Na TV passava o especial da Xuxa vestida de Papai Noel, o especial do Renato Aragão escondido no saco do bom velhinho, propagandas e mais propagandas anunciando descontos para os que ainda não haviam comprado seus presentes de última hora, o caminhão da Coca-Cola atravessava uma estrada todo iluminado com o Papai Noel dirigindo... Nas ruas as árvores estavam cheias de luzes piscantes, pareciam frutos encantados. Todo mundo já havia recebido o seu 13º, havia um perfume no ar como se a brisa fosse feita de algodão doce. Era Natal!!! Nesta época eu trabalhava num grande shopping no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, e iria sair às 22 hs. Lá pelas 20 hs pensei em dar uma escapada até um mercado próximo e comprar ingredientes para preparar uma macarronada especial. O Natal me faz sentir feliz, zen, sem estresse, e, por conta disso, estava com todas as minhas travas de segurança desativadas. Ao entrar no mercado o espírito do Natal também estava lá; no alto-falante saia a voz de Frankie Sinatra cantado Jingle Bells, bolinhas de todas as cores e lâmpadas pisca-pisca balançavam espalhadas sobre minha cabeça, dava até vontade de cumprimentar e abraçar todo mundo, meus olhos pareciam sorrir. Já estava com a minha cestinha de mão cheia com tudo que iria precisar para mais tarde, então me dirigi até o caixa. Como diz a senhora B.: "Não entre em fila se o caixa for homem, são lentos e desatentos." Concordo inteiramente, o caixa de um supermercado, quando é homem, quase sempre parece estar de saco-cheio, ou dispersivo, ou com movimentos em câmera lenta para passar os produtos no leitor de barra, ou tudo isso ao mesmo tempo. Andei alguns metros, escolhi a menor fila possível com uma jovem mocinha vestida com o uniforme do mercado. Foram 5 minutos empurrando a cesta de compras com o pé, até chegar a minha vez. "Boa noite senhor" Cara! Foi um cumprimento super simpático, foi algo a mais do que um simples treinamento de como atender os clientes; ela realmente foi muito simpática e sorriu. Em seguida ela começou a passar as compras. Deu para perceber que era jovem, devia ter uns 20 anos. Sempre tive muito respeito por pessoas jovens que trabalham até mais tarde, atendendo um público diverso; pessoas boas, mal resolvidas, educadas, grosseiras... As vezes moram longe, deixam seus filhos em casa com alguém; as vezes chegam, sei lá, meia noite, para então poder dar um beijo de boa noite em seu filhinho, comer alguma coisa e cair exausta na cama. São guerreiras que matam um mamute por dia, e ainda sim, me deu um boa noite com um sorriso sincero... Enquanto a funcionária passava minhas compras, pensei em ser simpático também, tomei coragem e puxei conversa: "Muito serviço?" Ela disse: "Nossa, hoje foi demais..." Eu falei: "Você deve estar cansada, que bom que daqui a pouco vai pra casa descansar..." Ela levantou as sobrancelhas, e disse um longo: "É..." Extasiado pelo espírito natalino que me cercava, consternado por aquela mocinha estar até aquela hora trabalhando com bom ânimo, acabei por reparar na sua barriga gravídica, enorme, bonita, materna. Que lindo! Não me contive, estiquei o pescoço, sorri e perguntei: "E o baby, é para quando?" Ela parou de passar as compras, engoliu o sorriso e perguntou com ar de espanto: "Que baby??" Eu devia ter dito: "Esse que carrego dentro da minha boca, minha língua tem o tamanho de uma criança de seis meses..." Mas afinal eu me pergunto: Eu vi o atestado de gravidez dela? Ou conheço o pai? Ou fui convidado para ser padrinho? Ninguém havia engravidado a droga daquela mulher!!
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Minha cara foi derretendo, meus cabelos explodiram em chamas, meus olhos caíram no chão e logo alguém passou chutando para longe, minhas bochechas ficaram da cor da roupa do papai Noel; mas só as bochechas, o resto em volta estava branco como a neve da manhã. Senti como se a minha pergunta tivesse ecoado nos alto-falantes do mercado e todos me encaravam com seus olhares agudos e flamejantes. Pensei em largar tudo e sair correndo... Pensei em dizer alguma coisa, mas minha língua baby virou chumbo, tentei dar um sorriso, mas nem careta saiu. Se eu tivesse que morrer naquele mês, aquela seria a hora perfeita para isso. Ela não estava nem um pouquinho grávida!!!!!!! Mais uma vez a minha boca esqueceu os bons modos em casa e, como a pata de um elefante enfurecido, fez seus estragos. Com mais de cinqüenta anos de estrada, como eu fui fazer aquilo? Ela emudeceu, abaixou a cabeça, olhou para seu barrigão e passou o resto das compras num silencio sepulcral. Sem querer eu a feri no seu íntimo, eu fui um imbecil... Como um robô recolhi as compras, paguei, nem peguei o troco, e voltei para o meu trabalho... Mas a imagem daquela pobre moça que estava até aquela hora trabalhando para sustentar seu marido vigarista e seu filho desamparado, gratuitamente chamada de grávida, sem ter um filho na barriga, não saia da minha cabeça... Me senti podre, o pior dos homens... Passei uns dias planejando como iria fazer para voltar lá e conseguir dela um perdão, iria falar da minha senilidade, dos óculos que havia perdido, falar da sua beleza, dizer qualquer que me livrasse daquele sentimento de culpa. Voltei uma vez no mesmo horário, duas vezes... voltei outros dias, mas nunca mais a vi. Teria se matado? Teria fugido? Teria ido pedir alguém que a engravidasse? Entrou num Spa insano de emagrecimento? Pediu as contas para nunca mais me ver? Não sei, não sei...
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Quando não temos certeza do que vamos dizer, é melhor ficarmos apenas em respeitosa contemplação deixando que pensem que somos alguém muito muito sábio...

04-08-2011
dedicado aquela pobre moça desaparecida 
e agredida por minha língua assassina



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